12/01/10 11h26

Heineken pode ser saída para Kaiser

O Estado de S. Paulo

Até cair no portfólio da holandesa Heineken, a cervejaria Kaiser - criada pelo empresário mineiro Luiz Otávio Possas Gonçalves em 1982 - passou por vários donos e enfrentou inúmeras oscilações de participação de mercado. Com preço atraente, a marca ganhou adeptos e, em 2002, chegou a deter 15% de participação nas vendas de cerveja no País. Mas, com a fusão das concorrentes Brahma e Antarctica, que criou a AmBev em 1999, o cenário mudou.

Sem condições de expandir sua atuação, a saída para a Kaiser foi a busca por um sócio. Surgiram no disputado jogo cervejeiro nacional os canadenses da companhia de bebidas Molson. A investida não deu certo e, em 2006, novos donos se candidataram à compra. Desta vez foram os mexicanos da Femsa, um dos maiores engarrafadores de Coca-Cola no mundo.

A atração pelo mercado consumidor brasileiro se justifica. O Brasil é o quatro mercado global, com 10 bilhões de litros consumidos por ano, logo atrás dos chineses, americanos e alemães. Com a crise financeira global, que derrubou as vendas nos países maduros, os países emergentes ficaram ainda mais tentadores. "Os holandeses já participavam do dia a dia da Femsa no Brasil e aposto que existe uma estratégia de médio prazo para dar um salto de expansão no País", avalia o consultor e mestre cervejeiro Matthias Reinold. "Eles vem testando a aceitação do mercado com inovações e embalagens. São demonstrações de quem conhece e vai disputar o mercado para valer."

Presente em mais de 100 países, a Heineken tem sido mais agressiva na sua operação global. O próprio presidente do Conselho de Administração da Femsa, José Antonio Fernández Carbajal, reconhece isso. Disse ontem em conferência com analistas que a companhia deverá ter como foco a inovação no mercado brasileiro. "Eles saberão como inovar lá (no Brasil). Eles não devem entrar em guerra de preço ou algo parecido; devem estar direcionados para geração de valor", disse Carbajal.