03/12/09 12h19

Hotchief vende 80% da filial brasileira

Valor Econômico

O grupo alemão Zech International, empresa centenária que atua na área de construção imobiliária, comercial e industrial, hotelaria e meio-ambiente, comprou 80% da subsidiária da também alemã Hochtief no Brasil - principal plataforma da companhia na América do Sul. O negócio foi confirmado pela empresa, mas o valor da transação não foi revelado.

A Hochtief, que está no Brasil desde 1966 e fatura cerca de US$ 20 bilhões no mundo, é considerada uma construtora tradicional no setor. Além de atuar na área de infraestrutura e na construção de fábricas, faz também prédios comerciais, residenciais, shoppings hipermercados, hospitais e centros de distribuição. Em 2006, entrou na área de gerenciamento execução de serviços de operação e manutenção de empreendimentos, que chama de "facility management".

Mas foi na área de energia, onde atua desde 2002, com a construção de PCHs - pequenas centrais hidrelétricas - que a companhia alemã começou a enfrentar problemas, como estouro de orçamento, e perdeu dinheiro no Brasil. Não foi a única. Outras empresas tiveram dificuldades ao entrar no setor, quase sempre em função da compra de projetos com problemas de licença ambiental, por exemplo.

Segundo o Valor apurou, a matriz precisou fazer aportes importantes, acima dos R$ 50 milhões (US$ 29,1 milhões) nos últimos dois anos, e acabou por decidir ficar como minoritária na operação brasileira. "É uma empresa muito séria, que conta com o suporte da Alemanha quando precisa", afirma fonte do setor.

O grupo alemão Zech já estava presente no Brasil com operações de menor porte, na área de meio-ambiente. Em construção, detém uma participação na construtora gaúcha Tedesco. Em comunicado enviado ao Valor, a empresa afirma: "A Hochtief AG continua como acionista minoritária da holding da Hochtief do Brasil, sua principal representante da América do Sul, assegurando assim a manutenção de sua plataforma de negócios para grandes projetos de construção relacionados a infraestrutura e outros serviços do seu portfólio como concessões e parcerias público-privadas."

Em março deste ano, em entrevista ao Valor, o presidente do conselho da Hochtief, André Glogowsky, disse que a área de construções rápidas, como varejo e hospitais, e de gestão de obras prontas (chamado de "facility management") deveria compensar a redução dos contratos de novas fábricas - mercado que retraiu para todas as empresas do setor, como Racional, Método e Construtora Serpal.