07/12/11 13h17

HSBC muda sede da América Latina para SP

O Estado de S. Paulo

Comando das operações na região, que engloba também o Caribe, fica na Cidade do México só até o fim de janeiro

Em meio às especulações de que pode vender sua filial no Brasil, o banco britânico HSBC vai mudar a sede da América Latina para São Paulo. A capital paulista substituirá a Cidade do México a partir de 1.º de fevereiro do ano que vem. Na mesma ocasião, o argentino Antonio Losada assumirá como principal executivo da divisão, que engloba também o Caribe. Ele entra no lugar do brasileiro Emilson Alonso, que, aos 57 anos, vai se aposentar.

Desde 2006, quando foi criada, a área destinada a gerir os negócios na região ficava na capital mexicana. A decisão de mudá-la para São Paulo obedeceu a três critérios: perspectivas de crescimento do País, ligação com o resto do mundo e participação nos resultados do grupo.

Na avaliação do HSBC, o Brasil é um dos países com melhores perspectivas de crescimento econômico nos próximos anos - média anual de 3,5% a 4%. O banco também acredita que, embora a relação entre comércio exterior e Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil seja baixa na comparação com outros países (incluindo o próprio México), a conectividade brasileira com o resto do planeta é alta. Nos últimos anos, cresceu, por exemplo, o comércio com a África e a Ásia.

Por fim, a filial do Brasil já responde por cerca de 60% do lucro do HSBC na América Latina. A unidade também se destaca em termos globais: é a 4.ª colocada no ranking das mais lucrativas do banco (ao todo, são 87 operações no mundo).

Nas últimas semanas, o HSBC tem estado no centro de rumores de que pode sair do Brasil, o que é negado com veemência por porta-vozes da instituição.

As especulações tiveram início após o banco britânico vender a unidade de varejo no Chile para o Itaú. E ganharam força depois que o HSBC colocou à venda, no Brasil, a financeira Losango. O Estado apurou que o negócio está perto de um desfecho.

Crise global. Os rumores internos também se apoiam na situação do banco no exterior. O lucro líquido do HSBC no mundo caiu 36% no terceiro trimestre deste ano na comparação com igual período de 2010, em decorrência dos efeitos da crise global.

Quando os resultados foram divulgados, o presidente executivo, Stuart Gulliver, comunicou a implementação de um programa de corte de custos que poderia chegar a US$ 3,5 bilhões.

Ele anunciou, também, que a organização passaria a dar prioridade às operações asiáticas, onde o HSBC se originou (Hong Kong). Além disso, Gulliver informou que o HSBC iria sair dos países com operações pequenas (ou, em outras palavras, baixa escala).

O HSBC é o sexto maior banco do mercado brasileiro, com ativos totais de R$ 152,3 bilhões em 30 de setembro deste ano, segundo dados do Banco Central. No primeiro semestre deste ano, a filial do País lucrou R$ 612 milhões, 44% a mais do que no mesmo intervalo de 2010.

Antonio Losada, que dirige a filial do HSBC na Argentina, visitou São Paulo esta semana para, entre outras coisas, procurar um imóvel para morar a partir de fevereiro.