20/04/10 11h20

Hypermarcas compra dona do Virilon e mira fraldas da Johnson

Valor Econômico

O plano da Hypermarcas de crescer na área de higiene pessoal passa pela compra de ativos da Johnson & Johnson. No fim do ano passado, as empresas começaram a conversar sobre a possibilidade de venda do negócio de fraldas infantis para a Hypermarcas, mas as negociações estão em banho-maria desde março. Enquanto isso não avança, a Hypermarcas anuncia novas aquisições. No domingo à noite, a empresa confirmou a compra da Luper Farmacêutica, dona das marcas Virilon e Gastrol. Um memorando de entendimento já havia sido assinado pelas companhias em março, mas o acordo de compra foi assinado no domingo.

Já em relação à J&J, questões jurídicas, ligadas à marca da empresa americana, acabaram interrompendo as conversas. Isso desanimou os executivos da Hypermarcas, que passaram a avaliar outras aquisições nas últimas semanas, apurou o Valor. Procuradas, as duas empresas não se manifestaram sobre o assunto. O Valor apurou que, mesmo após a compra das marcas de fraldas PomPom, no ano passado, e Sapeka, em março deste ano, a Hypermarcas não desistiu de negociar a compra de ativos da Johnson & Johnson na área.

Isso ocorre por uma razão ligada ao portfólio do grupo, com mais de R$ 2 bilhões (US$ 1,02 bilhão) em receita bruta no ano passado, sendo R$ 725 milhões (US$ 368 milhões) em beleza e higiene pessoal. Dados da concorrente Kimberly-Clark mostram que com a linha PomPom, a Hypermarcas tem tímidos 3,5% do mercado de fraldas infantis - contra 35% do segmento de fraldas para adultos. "Se quiser engordar um pouco mais essa participação, vai ter que partir para uma aquisição de peso e nesse caso, só a Johnson & Johnson aceitaria negociar", conta um analista setorial que acompanha Hypermarcas. Segundo analistas do setor, se as partes não voltarem a se aproximar, a J&J deve perder uma oportunidade de negócio que era importante para sua estratégia a longo prazo. A J&J planeja reduzir aos poucos a sua área de fraldas nos negócios no mundo e se concentrar em produtos de cuidados para bebês, como loções e cremes.

Entre setembro e outubro do ano passado, as duas companhias passaram a discutir a hipótese de transferência dos ativos das cinco marcas de fraldas da Johnson & Johnson para a fabricante brasileira, mas uma questão jurídica emperrou o processo. "O problema é que a linha de fraldas da fabricante americana tem a marca Johnson & Johnson. Com a venda, a Hypermarcas ficaria com uma linha de produtos com o nome de uma empresa rival em seu portfólio", conta uma fonte próxima às negociações. "É algo que a fabricante americana não aprovaria nunca", diz. Uma solução seria o licenciamento da marca para a empresa e a venda da estrutura fabril da J&J, localizada em São José dos Campos, para a fabricante brasileira. Essa questão chegou a ser analisada pela Hypermarcas e as conversas não evoluíram desde então.