15/03/16 13h57

Hyundai inicia exportação e GM vai ao Chile

Valor Econômico

Exportar ao maior número possível de mercados, aproveitando o momento favorável do câmbio, tem sido a saída das montadoras para ocupar as linhas num momento em que a crise doméstica leva as fábricas a picos de ociosidade. Ontem, a Hyundai anunciou que, após pouco mais de três anos de produção dedicada apenas ao mercado local, começou a exportar os carros montados na fábrica de Piracicaba, no interior paulista.

A General Motors (GM), que diferentemente da concorrente coreana é uma veterana com mais de 90 anos no país, já exporta há longa data, mas tem colocado mais destinos no "roteiro de viagens". Seu modelo mais popular, o Onix, desembarcou em janeiro na Colômbia. Em breve, será também exportado ao Chile, marcando a entrada dos carros brasileiros da montadora num mercado que importava veículos da GM fabricados na Índia, mas não do país vizinho.

Onix e HB20, o modelo produzido pela Hyundai no interior de São Paulo, são, respectivamente, o primeiro e o segundo carro mais vendido no Brasil. Porém, o mercado interno, por si só, não é suficiente para preencher suas linhas - tanto que a GM teve de fechar o terceiro turno de produção em Gravataí (RS), onde o Onix é fabricado junto com o Prisma, o sedã derivado da mesma plataforma.

O caminho, então, tem sido olhar para fora. De menos de 11% em 2014, a parcela da produção das montadoras brasileiras dedicada a exportações subiu para 17% em 2015 e superou 21% no primeiro bimestre deste ano.

No caso da Hyundai, o primeiro embarque do HB20 foi feito no fim do mês passado com destino ao Paraguai, onde o carro passará a ser comercializado na quinta-feira. A montadora recebeu um pedido inicial de 600 unidades do HB20X, a chamada "versão aventureira" do modelo, pelo distribuidor local da marca.

Lançado em setembro de 2012, o HB20 formou longas listas de espera quando chegou às concessionárias, rapidamente entrou no ranking dos carros mais vendidos do país e fez a Hyundai abrir o terceiro turno apenas um ano após o início da produção em Piracicaba.

A montadora, no entanto, não ficou totalmente imune à recessão que atingiu a indústria nacional de veículos. Embora inferiores à queda de 25,6% de todo o mercado, as vendas do HB20, em suas três versões, recuaram 8,9% em 2015, somando 163,7 mil carros, menos do que a capacidade instalada de 180 mil veículos por ano.

Com essa folga, a fábrica de Piracicaba, que até 2014 produzia em seu potencial máximo, começou a buscar novos mercados, mudando a estratégia, conduzida desde que a Hyundai desembarcou no país, de dedicar a produção apenas ao consumo doméstico. A fim de manter a linha funcionando a todo vapor, a empresa pretende usar as exportações para, na medida do possível, ocupar a capacidade não utilizada. No ano passado, sem a alternativa, esse déficit foi de 9% - o que não é um desastre frente a um setor que produziu menos da metade do que pode.

A montadora informa que estuda outros destinos para o HB20, sobretudo na América do Sul. Adianta, contudo, que não há plano de investir em aumento de capacidade na fábrica paulista, onde já desembolsou US$ 700 milhões.

"Nossa intenção é prosseguir com a utilização plena de nossa capacidade produtiva, compensando qualquer agravamento da demanda no mercado interno", disse, em comunicado, William Lee, presidente da Hyundai no Brasil. "Este é primeiro passo para tornar o HB20 um grande sucesso também em diversos outros mercados da América Latina", acrescentou o executivo.

A GM trabalha com a expectativa de ampliar em 3% as exportações do ano passado: 72,7 mil carros, entre veículos montados e desmontados. É um volume crescente, porém ainda longe do ideal, na visão do presidente da montadora no país, Santiago Chamorro. "O Brasil ainda não tem condições de ser uma plataforma exportadora como a Coreia. Ainda precisamos reduzir custos como os trabalhistas e os de logística. Estamos longe de ser um polo de exportação", avalia.