27/08/08 13h40

Imobiliárias crescem e mudam mercado

Valor Econômico - 27/08/2008

Nunca houve tanto empreendimento em construção no Brasil. Em diferentes estágios e para públicos distintos, o sucesso ou o fracasso dessa enxurrada de lançamentos que as construtoras desovam quase que diariamente no mercado - mais de R$ 30 bilhões (US$ 17,1 bilhões) desde o começo de 2007 - estão nas mãos de um segmento que sempre gozou de muito pouco prestígio: as imobiliárias e o seu exército de corretores. O cenário mudou e essas empresas também. Para acompanhar a nova realidade, foram obrigadas a se profissionalizar e costurar uma rede com atuação nacional. O momento é oportuno e ninguém quer ficar de fora. O mercado das imobiliárias experimenta, agora, o boom que as construtoras e incorporadoras começaram a ter há dois anos. Com uma grande vantagem: não corre o risco do empreendimento e tem um custo fixo mínimo, já que os profissionais não têm vínculo e são 100% comissionados. De um lado, empresas que abriram capital, como Lopes e Brasil Brokers, que adquiriu a Abyara, disputam mercado com companhias tradicionais de capital fechado como Fernandez Mera e Coelho da Fonseca. De outro, players internacionais, como a rede americana Century 21 e a tradicional casa de leilões Sotheby´s investem para cavar seu espaço. Apesar das trajetórias distintas - a Lopes tem 70 anos de vida e a BR Brokers é novata - as duas que optaram pelo mercado de capitais seguem a mesma trajetória: aplicar os recursos levantados na bolsa na abertura de novas filiais e aquisição de pequenas empresas Brasil afora. Não poderia ser diferente. Um dos reflexos da corrida à bolsa foi a expansão nacional das construtoras. Se quisessem acompanhar o momento teriam que seguir essa nova configuração geográfica. As mudanças, no entanto, são mais profundas. Foram anos de um mercado desorganizado e fragmentado, que agora precisa se provar eficiente. Quem não optou pela abertura de capital, também cresce. A Fernandez Mera está dobrando de tamanho esse ano. Sai de um volume de vendas de R$ 1,2 bilhão (US$ 621,8 milhões) para R$ 2,5 bilhões (US$ 1,6 bilhão) em 2008 e está abrindo novos escritórios no interior de São Paulo. A americana Century 21, uma das maiores redes de imobiliárias do mundo e presente em mais de 60 países, corre por fora. Deve abrir entre 10 e 15 franquias até o fim do ano e chegar à ambiciosa marca de 100 franquias até o fim de 2009. Aposta em trazer para o Brasil diferenciais, como o seguro de escritura, que cobre eventuais erros na documentação, assim como possíveis intervenções de terceiros que questionem a validade dos documentos. Além dos lançamentos, as imobiliárias começam a trabalhar com imóveis usados - um mercado que sempre esteve nas mão de pequenas corretoras e até mesmo de profissionais autônomos - e que só tende a crescer. Em algum momento, as pessoas vão sair de onde moram para mudar para os novos apartamentos que estão ficando prontos. "Esse é o futuro do mercado imobiliário", diz Gonzalo Fernandez, da Fernandez Mera.