24/06/13 15h55

Imóveis baratos e incentivo fiscal são trunfos de Barueri

Folha de S. Paulo

Custo mais baixo faz cidade 'roubar' empresas da capital, distante 30 km


Barueri tem a terceira maior arrecadação de ICMS do Estado de São Paulo, atrás apenas da capital e de Campinas


Localizada a 30 quilômetros da capital, Barueri contornou a condição de cidade-dormitório. Hoje, mais recebe do que envia trabalhadores a São Paulo. A população ocupada de Barueri é superior ao seu número de habitantes.


É o resultado é uma cidade rica. Barueri tem o 14º PIB per capita do país --de R$ 115,3 mil em 2010-- e a terceira maior arrecadação de ICMS do Estado de São Paulo, atrás da capital e de Campinas.


Com incentivos tributários, como desconto no ISS (Imposto Sobre Serviços), e a facilidade de acesso a São Paulo, Barueri atraiu um grande número de empresas nos últimos anos, especialmente de serviços. O PIB do setor mais que dobrou entre 2002 e 2010.


Já após a inauguração do trecho oeste do Rodoanel, Barueri ficou mais atrativa para a instalação de galpões industriais e logísticos.


Isso fez os preços dos terrenos subirem mais de 200% nos últimos oito anos no eixo mais nobre da cidade, segundo a Herzog Administradora de Imóveis, e os investimentos migraram dos galpões para o mercado corporativo.


Há sete anos, Barueri está entre os municípios que mais lançaram salas comerciais na Grande São Paulo. Segundo a consultoria Geoimóvel, é a única cidade da região metropolitana a ter lançamentos em todos os anos desde 2006.


A desenvolvedora imobiliária Tishman Speyer faz parte dessa estatística. Depois de construir duas torres de escritórios à margem da rodovia Castello Branco, ela pretende erguer mais cinco, nos mesmos moldes. O investimento, em cada edifício, é de R$ 200 milhões.


O grande diferencial das salas comerciais em Barueri é o preço da locação. O metro quadrado no empreendimento da Tishman sai por R$ 65, em média --cerca de metade do valor do aluguel em centros empresariais da capital.


Azul, Philips, Redecard e AES são algumas das empresas que decidiram se instalar à beira da Castello Branco. O MercadoLivre, que ficava perto da avenida Luis Carlos Berrini, também optou pela região para crescer.


"A estrutura da empresa foi ganhando corpo e buscamos um lugar que pudesse absorver toda a estrutura", diz Helisson Lemos, diretor geral do MercadoLivre, que inaugurou em 2010 o escritório em Santana de Parnaíba, município vizinho a Barueri.
"Encontramos infraestrutura, mão de obra qualificada e uma relação custo-benefício interessante aqui", diz.


Além de Santana de Parnaíba, outras cidades da região crescem rapidamente, como Itapevi e Jandira, segundo Simone Santos, diretora de serviços corporativos da Herzog Imobiliária. "Esses municípios são uma extensão natural de Barueri", diz.


O lado negativo é o trânsito, causado pela elevada população flutuante.


Jae Ho Lee, presidente do grupo Ornatus, de Santana de Parnaíba, evita marcar reuniões no final da tarde.


"É muita gente saindo da região ao mesmo tempo. É difícil reter profissionais por causa do trânsito. Procuramos oferecer benefícios que compensem isso, como horário flexível", afirma.