03/02/09 11h15

Importação de bens de consumo ignora crise e cresce

Valor Econômico - 03/02/2009

A importação de bens de consumo não-duráveis, como bebidas, tabaco, vestuário, cosméticos e remédios, e de bens duráveis, como automóveis de luxo e "objetos de adorno", como joias, ignorou a crise econômica e cresceu de forma significativa em janeiro, segundo divulgou ontem o Ministério do Desenvolvimento. No total, as importações brasileiras tiveram queda de 12,6% em relação a janeiro de 2008. As estatísticas mostram queda, porque as compras de bens de maior valor foram compensadas pela queda de outras importações de bens de consumo de forte peso na balança comercial, como alimentos e automóveis mais baratos. A crise até agora não freou as compras de bens de consumo mais caros e de modelos de bens de capital de maior valor - máquinas e equipamentos para a indústria mais caros que a média. "Tem diminuído a quantidade de bens de capital importados, mas aumentado o valor unitário dos produtos que entram no país", afirmou o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, que se disse intrigado com os dados. O governo investiga os detalhes dessas compras. As compras de bens de consumo, aumentaram, em janeiro, 42% no caso de bebidas e fumo, 23% no de vestuário e confecções, 16% no de remédios e 10% no de cosméticos e "produtos de toucador". As compras de objetos de adorno subiram quase 15% e, embora as importações de automóveis tenham caído 4,5%, marcas mais caras continuam entrando em volumes crescentes no país. O que garantiu a queda no total das importações foi o pequeno peso relativo das compras de bens de consumo (menos de 15% do total) e a grande redução no principal item da pauta de importações, o de matérias-primas e bens intermediários, que encolheu em 20,7%. Para o vice-presidente da Associação dos Exportadores Brasileiros, José Augusto de Castro, a importação crescente de bens de consumo era prevista, devido à influência de contratos firmados ainda no ano passado, que começam a vencer nos próximos dois a três meses.