26/04/10 10h59

Incorporadoras crescem e geram vagas formais

O Estado de S. Paulo

Aos 52 anos, João Luiz Ferreira conseguiu um emprego de carteira assinada há 20 dias. É mestre de obras na construção de um edifício em Guarulhos (SP). Antes trabalhava por conta própria como pedreiro. "Agora tenho seguro contra acidente, férias, décimo terceiro, e ganho mais", diz. Ferreira era metalúrgico, mas perdeu o emprego no fim da década de 80. "Não consegui mais trabalho e fui ser pedreiro." Em janeiro, procurou o Instituto de Ensino e Cultura, vinculado ao Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sintracon), e especializou-se como mestre de obras. Quando saiu do curso, já estava empregado.

Rafael Rivera, responsável técnico da Construtora Pillaster, é o novo patrão de Ferreira. Ele já contratou três pessoas formadas pelo instituto e precisa de mais trabalhadores. "Às vezes temos receio de pegar novos projetos por falta de mão de obra." O "boom" da construção civil trouxe um efeito indireto benéfico: o aumento do número de trabalhadores com carteira assinada. Entre 2005 e 2009, o Produto Interno Bruto do setor cresceu 32%. Mas as vagas com carteira assinada avançaram mais: 44%.

Para a professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Ana Castelo, outros fatores também colaboraram para o aumento da formalização, como a abertura do capital das incorporadoras em bolsa e a entrada de novos investidores, como os fundos de participação (private equity). Ela ressalta que o programa Minha Casa, Minha Vida tem um efeito benéfico no mercado de trabalho, porque permite que a população de baixa renda compre imóveis das construtoras em vez de construir um "puxadinho".

Segundo o vice-presidente de relações capital e trabalho do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-SP), a formalização também é positiva para as empresas. "Concorrer com o informal é muito difícil", diz. Apesar dos avanços, a informalidade na construção civil é alta. Em 2008, 28% dos trabalhadores tinham carteira assinada, 25% trabalhavam sem carteira e 39% por conta própria. O setor gera hoje 2,5 milhões de postos formais no País.