13/08/09 10h26

Indicador de serviços ajudará projeção do PIB

Valor Econômico

Os analistas econômicos exageraram nas projeções sobre a desaceleração da economia brasileira em 2009 devido à falta de uma medida confiável que mostrasse o que estava acontecendo com o setor de serviços. O Banco Central quer evitar que isso volte a ocorrer e, por isso, firmou convênio com a Fundação Getulio Vargas (FGV) para construir um indicador dos serviços, nos moldes do que é feito na sondagem industrial.

A expectativa é que até 2010 os trabalhos já estejam avançados, o que tornaria possível a divulgação de um indicador, que, entre outros dados, traga informações sobre a produção, contratação de mão de obra, preços e condições de acesso a crédito nos serviços. Ao contrário da sondagem industrial, porém, a nova pesquisa só não mediria o uso da capacidade utilizada, que no caso dos serviços é mais difícil de mensurar. Nesse setor, o indicador universal de uso de capacidade instalada é a taxa de desemprego, já que a mão de obra é o principal insumo dos serviços.

No início do ano, os analistas do mercado financeiro estavam pessimistas sobre o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), em parte porque erraram nas estimativas sobre os serviços. Tradicionalmente, o mercado projeta os serviços com base no desempenho da indústria, com um ajuste pelo crescimento demográfico da população. Essa metodologia se baseia na leitura de que o setor de serviços é puxado pela indústria, considerado o motor da economia. O BC tem chamado atenção, porém, que a economia passou por uma mudança estrutural nos últimos anos. Os serviços, hoje, respondem por cerca de 60% do PIB e, de forma geral, têm dinâmica autônoma da indústria. Há serviços que até funcionam como motor da economia, puxando a atividade industrial. É o caso, por exemplo, de telecomunicações, que demanda equipamentos de telefonia, ou atividades de informática, que demandam computadores.

Nessa crise, os serviços mostraram que têm dinâmica própria, com um avanço de 1,7% no primeiro trimestre, enquanto a indústria sofria retração de 9,3%. Depois que saíram os dados do PIB do primeiro trimestre, com a surpresa dos serviços, os analistas passaram a rever as projeções de crescimento da economia para o ano, contando com um desempenho um pouco menos desfavorável. O BC foi um dos únicos a acertar, pelo menos no que diz respeito aos serviços, graças à grande rede de economistas da instituição, que chega a quase 200, e à coleta de dados regionais.