25/02/10 14h03

Indústria avalia a construção de fábrica de nutrientes para ração

Valor Econômico

As empresas ligadas ao segmento de nutrição animal estudam alternativas para reduzir a dependência de nutrientes importados, especialmente da China, para a composição dos produtos utilizados na alimentação de aves, bovinos e suínos no Brasil. Entre as possibilidades que mais amadureceram nos últimos meses está a construção de uma indústria de química fina, que poderia substituir as importações desse tipo de produto - que somam US$ 1 bilhão por ano.

O projeto está sendo desenhado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), que já constatou o interesse de pelo menos dez associados dispostos a investir em uma nova fábrica. Sem revelar quais são as empresas envolvidas, o vice-presidente do Sindirações, Ariovaldo Zanni, informa apenas que são multinacionais que já atuam no segmento de nutrição humana e animal no Brasil, mas que dependem de componentes importados para formulação de seus produtos.

As negociações com o governo envolvem três ministérios - Fazenda, Agricultura e Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Essa aproximação com o governo não é por acaso. Mesmo com o interesse, o setor privado cobra uma contrapartida que passa por vantagens fiscais e tributárias, bem como financiamentos públicos, vindos principalmente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ao que tudo indica, o Brasil já tem uma certa estrutura que permite a instalação de uma indústrias de química fina no país. A principal delas é a própria Petrobras, que produz a matéria-prima necessária para abastecer a indústria, a partir da síntese do petróleo. Esses produtos importados são aditivos, misturados às rações formuladas para alimentação animal. Entre os principais estão algumas vitaminas e aminoácidos, que são utilizados para melhorar o desempenho produtivo dos animais e considerados estratégicos pela indústria.

Além de reduzir as importações do setor, a produção desses nutrientes no Brasil reduziria a dependência nacional dos fornecedores estrangeiros. O executivo do Sindirações lembra que no período dos jogos olímpicos de Pequim, os fornecedores chineses - que respondem por 30% do abastecimento brasileiro - simplesmente deixaram de exportar por aproximadamente seis meses, para reduzir o volume de emissões e contribuir para o controle da poluição. "Os nutrientes são para a pecuária o que os fertilizantes são para a agricultura. Não podemos correr o risco de ficar desabastecidos", afirma Zanni.