12/04/09 11h19

Indústria dá sinais de recuperação

O Estado de S. Paulo - 12/04/2009

A indústria brasileira começa a dar sinais de recuperação no primeiro trimestre deste ano, após queda generalizada nos pedidos recebidos em dezembro. Um mapeamento feito com base na Sondagem da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que a retomada da demanda está concentrada na produção de bens cujo consumo depende da renda do trabalhador, como alimentos, e da indústria automobilística, que teve o corte de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) renovado.

A indústria automobilística, de móveis, de alimentos, têxtil, de vestuário e calçados, de celulose, papel e papelão e de produtos de matérias plásticas, as duas últimas fornecedoras de embalagens para o setor de alimentos, reagiram no primeiro trimestre, aponta a sondagem. Em março foram vendidos 271,4 mil veículos no País, 16,9% a mais que em igual mês de 2008. Após dois meses de queda, a indústria de motocicletas também apresenta leve recuperação.

"O mercado interno está segurando a queda", afirma Sérgio Amoroso, presidente do Grupo Orsa, uma das grandes companhias do setor de celulose, papel e papelão para embalagens. Ele conta que, entre dezembro e fevereiro, a sua empresa registrou quedas superiores 10% na demanda doméstica na comparação com os mesmos meses do ano anterior. Em março, a queda na demanda doméstica de embalagens produzida pela empresa ficou em 7,5% em relação a março de 2008.

"O mercado não está hoje tão recessivo quanto pensávamos", afirma o presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), José Luiz Diaz Fernandez. Ele conta que o setor projetava queda de 50% na demanda neste primeiro trimestre. Apesar de não ter os números fechados, ele diz que o recuo foi menor.

Os alimentos são um caso à parte entre os setores analisados pela sondagem. Braga, da FGV, diz que o indicador de demanda global da indústria de alimentos em março ficou acima da média dos últimos 14 anos. Já os setores "lanterninhas" na recuperação no primeiro trimestre são a metalurgia, a indústria química, mecânica, de minerais não metálicos, material elétrico e de comunicação, entre outros. Braga observa que, em março, o nível de demanda global desses setores ficou bem abaixo da média dos últimos 14 anos.