03/08/09 11h50

Indústria deve acelerar expansão no 2º semestre

Valor Econômico

A produção industrial deve ter um segundo semestre bastante positivo, ajudando a sustentar a retomada do crescimento neste ano. Impulsionada por fatores temporários, como o ajuste de estoques, o impacto ainda positivo das reduções de impostos e alguma substituição de produtos importados por nacionais, o setor vai acelerar o ritmo de expansão na segunda metade do ano, avalia o economista André Carvalho, sócio da Main Street Consultoria, especializada na análise da atividade econômica. A expectativa de melhora gradual do crédito e das exportações também vai colaborar nesse processo, dizem Carvalho e outros analistas.

Esse crescimento mais forte, porém, não deverá ser suficiente para trazer a produção industrial ainda em 2009 para os níveis anteriores ao agravamento da crise global, ocorrido em setembro do ano passado. A aposta dominante é que isso só ocorrerá na segunda metade de 2010, possivelmente no quarto trimestre.

Economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) de 1999 a 2004, Carvalho diz que o fim do processo de desova de estoques deve dar fôlego à produção nos próximos meses. Para ele, o nível de inventários já foi ajustado em setores que produzem bens de consumo duráveis, como automóveis, mas ainda não chegou ao ideal em segmentos de bens intermediários (insumos e matérias-primas).

Números da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostram que, em junho, 12,4% das empresas ouvidas relataram ter estoques excessivos e 5,9%, insuficientes. Em janeiro, 21,8% das companhias se queixaram de inventários elevados e ninguém informou níveis abaixo do desejável. Ainda assim, o quadro de junho não voltou ao patamar de setembro de 2008, quando apenas 3,5% das empresas tinham estoques excessivos. Com a expectativa de que o processo termine de vez neste semestre, Carvalho espera uma retomada mais forte da indústria, ainda que a demanda não esteja de volta aos níveis pré-crise.