07/12/09 11h42

Indústria deve rever estratégia para o varejo

Valor Econômico

A indústria de eletrodomésticos e eletroeletrônicos terá que rever as estratégias para o varejo a partir de agora. A associação entre o Grupo Pão de Açúcar e a Casas Bahia deu origem a um super player que concentra 50% das vendas nessas categorias, com capacidade para ditar os preços do mercado, principalmente quando se trata de geladeiras e televisores, os principais produtos. Na opinião de algumas fontes do setor, a saída natural seria fortalecer a posição de varejistas menores, mas com grande força regional - como Insinuante no Nordeste, Ricardo Eletro no Sudeste e Lojas Colombo, no Sul.

"A indústria precisa dinamizar o atendimento direto a pequenos e médios varejistas, uma parcela que acabou ficando relegada a segundo plano nos últimos anos", diz Eugênio Foganholo, consultor da Mixxer Desenvolvimento Empresarial. Foganholo lembra o caso da Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul, que passou a atender pequenos e médios varejistas por telefone, via 0800. "Eles vão ter que rever isso", comenta.

Mas essa alternativa exige cuidados extras. "Fortalecer varejistas menores para competir com os grandes é uma tendência, mas essas redes têm limites de crédito, não sabemos até quanto elas podem se endividar", diz uma fonte da indústria de eletroeletrônicos que cita, como exemplo, o caso da Arapuã com a Semp Toshiba. A fabricante era a maior credora da antiga varejista, que entrou em concordata no fim dos anos 90.

A aposta em redes regionais não substitui, é claro, a presença no novo gigante varejista. "Se você quer ter 20% do mercado, precisa ter 20% das vendas em cada um dos grandes distribuidores", comenta a fonte de eletroeletrônicos. Mas ao partir com mais vontade para o varejo regional, os fabricantes de eletrodomésticos e eletrônicos podem tentar uma posição menos incômoda que a atual, de dependência.

Quem não está muito preocupada com o novo super player é a indústria de eletroportáteis. Segundo estimativas do mercado, esse segmento tem apenas 18% das suas vendas concentradas nas três redes - Casas Bahia, Extra e Ponto Frio. O percentual pode ser maior dependendo da categoria (em batedeiras, liquidificadores e processadores, por exemplo, gira em torno de 30%). Mas o segmento conseguiu se aproveitar do crescimento dos varejistas nordestinos e pulverizou ainda mais suas vendas nos últimos anos.