11/12/10 11h34

Indústria química quer incentivo à inovação

Folha de S. Paulo

O setor químico brasileiro vai pressionar o governo Dilma Rousseff para ter um marco regulatório para investimento em inovação. O objetivo do setor é que isso faça parte da nova política industrial, que começa a ser alinhavada nos bastidores. É consenso na indústria química que grande parte do deficit comercial registrado em 2010 é efeito direto do atraso do país em pesquisa e desenvolvimento. Neste ano, o deficit vai atingir US$ 20 bilhões, o segundo maior da história do setor -o maior foi em 2008, de US$ 23,2 bilhões.

O tema dominou o encontro anual do setor, realizado ontem em São Paulo. De acordo com Bernardo Gradin, presidente da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), sem um marco regulatório o país não vai conseguir inverter a dependência de insumos. Com alta demanda e falta de itens aqui, cresceu a dependência brasileira, que deve ser mantida em 2011. A situação tem se agravado. O setor já identificou a suspensão da importação de insumos e o início da importação de produtos acabados. O ambiente macroeconômico -com juros reais de 6% ao ano e moeda local valorizada ante o dólar- tem desestimulado investimentos, apesar de o consumo crescer.

O marco regulatório da inovação terá de ter: 1) preservação do direito intelectual proprietário; 2) formação de patrimônio humano; 3) financiamento à pesquisa e ao desenvolvimento. A meta é um marco que aproxime indústria e setor acadêmico e que tenha como objetivo o financiamento da pesquisa aplicada e básica. Gradin afirma que o setor está disposto a dar contrapartidas econômicas e sociais a um eventual pacote de incentivos, como a aceleração dos investimentos.

Há um grande descompasso hoje entre as necessidades de investimento até 2020 e o volume prometido. Levantamento da Abiquim indica que, nos próximos cinco anos, a indústria química deverá investir US$ 26 bilhões. Isso representa 15% dos US$ 167 bilhões que o Brasil precisaria aplicar até 2020 para zerar o deficit comercial, elevar o país a 5º do mundo no setor químico e ser líder em química verde. "Temos de ficar angustiados. Angustiados para deixar o discurso e partir para a ação, para que a gente não perca o bonde, que acho que já está passando", afirma Gradin.