04/08/09 11h16

Indústria sai lentamente da recessão

Folha de S. Paulo

Abalada pela crise, a produção da indústria brasileira caiu 13,4% no primeiro semestre deste ano, o pior índice da série histórica do IBGE iniciada em 1976. Mas o setor já sinaliza uma recuperação nos dados mensais mais recentes, sob impacto da desoneração tributária, do consumo doméstico aquecido e de uma pequena melhora nas exportações. Após dois trimestres em queda, a indústria cresceu 3,4% de abril a junho na comparação livre de influências sazonais com o primeiro trimestre de 2009. O dado, dizem especialistas, mostra que o setor saiu da recessão.

A melhora no trimestre não compensa a queda causada pela crise. Desde o colapso em setembro de 2008 até junho de 2009, a produção acumula perda de 13,6% -o tombo foi de 20% em dezembro. Para Isabela Nunes, gerente do IBGE, a indústria vive uma fase "lenta e gradual" de recuperação, embora opere num ritmo de produção bem mais moderado do que em 2008. Com a crise, a produção voltou aos níveis de 2006.

Para Nunes, do IBGE, o dado de junho sinaliza um início de reação dos investimentos, centrada em máquinas para energia elétrica, informática, caminhões e construção civil -neste último caso, já um reflexo da redução da cobrança de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) no setor. A desoneração tributária também impulsionou direta ou indiretamente o desempenho, de maio para junho, de veículos (alta de 2,6%) e siderurgia (2%) -fornecedora do setor automobilístico. Fez ainda o subsetor de eletrodomésticos de linha branca -como geladeiras e fogões - ser um dos poucos a crescer em junho frente junho. As quedas de maior impacto na produção industrial no primeiro semestre ficaram com os ramos de veículos (-23,6%), máquinas e equipamentos (-29%) e siderurgia (27,9%).