10/09/08 11h06

Iniciativa privada banca as pesquisas

O Estado de S. Paulo - 10/09/2008

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lança hoje em Brasília estudo mostrando que as empresas brasileiras avançaram nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), mas ainda perdem para países desenvolvidos e para a China, que, nos últimos quatro anos, passou a destinar 1,2% do Produto Interno Bruto para P&D, enquanto o Brasil reserva 1% do seu PIB para essa finalidade. Os 29 países da Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entre os quais Estados Unidos, Japão, Alemanha, França e Inglaterra, aplicam anualmente 2,4% do PIB em P&D. O que falta ao Brasil é uma maior integração entre os mecanismos governamentais de fomento à inovação. Denominado "Políticas de incentivo à inovação tecnológica no Brasil", o estudo desenvolvido por vários técnicos, sob a coordenação do pesquisador João Alberto De Negri, é um apanhado de vários trabalhos promovidos a partir de 2004, quando foi criada a Lei de Inovação, e de 2005, com a Lei do Bem. O estudo mostra que, em dez anos de vigência, o antigo Plano de Desenvolvimento Tecnológico Industrial (PDTI) aprovou 196 projetos de empresas para investimentos em P&D. Após a promulgação da Lei do Bem, com mecanismos de incentivos tributários, foram aprovados 106 projetos em apenas um ano (2006). Com a Lei de Inovação, que permitiu ajuda financeira da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), 785 empresas receberam apoio para projetos de P&D. Estudo feito pelo Ipea em 2004 detectou que, de 72 mil empresas industriais brasileiras, apenas 1,7% investia significativamente em pesquisa e desenvolvimento. Essa minoria, porém, faturava 30% mais que as concorrentes, tinha mais lucratividade, exportava mais e pagava salários melhores. No próximo ano, o Ipea repetirá a pesquisa para avaliar se houve evolução desse índice. Para De Negri, "tudo indica que houve crescimento do investimento em inovação no Brasil." Ele ressalta, porém, a necessidade de maior participação do Estado com políticas de isenção tributária associadas à linhas de investimento para o financiamento em pesquisa e desenvolvimento. Segundo ele, 95% dos gastos em P&D no Brasil vêm de recursos próprios das empresas. Nos países da OCDE o Estado participa com 50% dos aportes.