22/09/10 14h53

Iniciativa privada cresce no saneamento

Folha de S. Paulo – 22/09/10

A expectativa de crescimento do mercado de saneamento está fazendo com que aumente o interesse das companhias privadas no setor. Entre 2006 e 2009, a participação delas na administração dos serviços de tratamento de água e esgoto cresceu de 6% para 10% da população urbana atendida, de acordo com a Abcon (associação das concessionárias privadas de água e esgoto).

O atendimento à população brasileira é feito principalmente por companhias estaduais (70%) e autarquias municipais (20%). Porém, a expectativa da associação é que a iniciativa privada represente 30% até 2017, quando o marco regulatório do setor completará dez anos. O faturamento anual das empresas privadas com os serviços de saneamento, estimado pela Abcon, é de R$ 1 bilhão (US$ 571,4 milhões) - o setor inteiro fatura R$ 30 bilhões (US$ 17,1 bilhões).

A entrada das concessionárias privadas no saneamento começou em 1995, segundo Yves Besse, presidente da Abcon, com a Lei das Concessões - que permite a transferência da administração de um serviço ou bem público à iniciativa privada. Porém, a participação só cresceu mesmo com o marco regulatório do setor, em 2007, que deu mais garantias de segurança às empresas sobre os seus investimentos.

A primeira concessão privada de água e esgoto foi obtida pela Foz do Brasil, braço de engenharia ambiental da Odebrecht, em Limeira (a 151 km de São Paulo), em 1994. A previsão de faturamento da empresa para 2010 com as operações em Limeira é de R$ 72,4 milhões (US$41,4 milhões). Para Valdir Folgosi, presidente do Sindesam (sindicato das indústrias para saneamento), há um enorme potencial de crescimento do mercado. Prova disso é a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em agosto, que aponta que menos de um terço dos municípios brasileiros (28,5%) faz o tratamento de esgoto.

O índice de perda de água (diferença entre o que a empresa produz e o que chega ao consumidor) é considerado pelo setor um indicador de eficiência. Em Limeira, o índice é de 17% -o menor do país-, enquanto a média nacional é de 41%. "A parceria com o poder público faz com que a eficiência do setor privado seja colocada à disposição do público para que possa investir mais rapidamente", afirma Besse, da Abcon.