06/08/09 10h08

Inovação e produtividade são as apostas da AmBev

Valor Econômico

Diante da maior crise econômica global dos últimos 70 anos, que no Brasil dá sinais de arrefecimento, o engenheiro João Castro Neves, há sete meses na direção-geral da AmBev , a quinta maior cervejaria do mundo, está "cautelosamente otimista". A combinação de dólar mais barato, aumento do salário mínimo e inflação menor dos alimentos melhorou o cenário para 2009.

Adepto da política de gestão enxuta, Neves, que começou no mundo da cerveja há 13 anos, na Brahma, continuou cortando gastos assim que assumiu a AmBev, com operações no Brasil e em mais 13 países nas três Américas. O ajuste, que incluiu o fechamento da unidade de Mogi Mirim (SP) em fevereiro, ajudou a empresa a aumentar a produtividade das fábricas em 10% neste ano.

Além de apertar o cinto e aumentar a produtividade, Neves conta que sua receita para enfrentar um cenário econômico, que se delineava adverso no fim do ano passado, baseia-se em um terceiro pilar: inovação. A empresa tem investido em novas embalagens, como a garrafa de 1 litro e a lata menor, de 269 ml. "Vimos que a Coca e a Pepsi lançavam produtos mais de acordo com o bolso do consumidor e começamos a desenvolver um projeto de novas embalagens para cervejas".

Neves está estudando o "barrilzinho", formato que tem impulsionado o desempenho da Heineken no Brasil, que lançou um modelo de 5 litros. A AmBev também lançou nos mercados paulista e mineiro, responsáveis por 40% das vendas no Brasil, a Antarctica Sub Zero há um mês. Trata-se de uma cerveja duplamente filtrada a 2ºC negativos o que, segundo a companhia, resulta em uma bebida "mais suave e refrescante". Os lançamentos fazem parte de uma tendência iniciada há cerca de 3 anos na indústria nacional de cerveja, que ficou mais de um século praticamente sem novidades, observou Milton Seligman, diretor de Assuntos Corporativos da AmBev.

Neves conseguiu colher resultados positivos no primeiro trimestre, com aumento de 17% na receita líquida, de R$ 5,6 bilhões (US$ 3 bilhões) e de 32% no lucro, para R$ 1,6 bilhão (US$ 864,9 milhões). O balanço do segundo trimestre deve ser anunciado na próxima quinta-feira. Depois de encerrar 2008 com um recuo de 0,3 ponto percentual em sua participação de mercado, a companhia conseguiu recuperar-se nos primeiros cinco meses deste ano. De acordo com dados Nielsen, a empresa tinha, em maio, uma fatia de 68,3% (uma alta de 1,3 ponto percentual sobre janeiro). A rival Schincariol, segunda colocada no ranking do setor, foi a que mais perdeu espaço no período, ficando com 12,3% das vendas. Em seguida vieram Petrópolis, com 9,7% e Femsa, com 7,6%.