08/03/12 16h13

Internexa, de fibras ópticas, chega ao país

Valor Econômico

Com investimento de US$ 30 milhões, a Internexa, braço de redes de fibras ópticas do grupo colombiano ISA, dono da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), começa a operar no Brasil a partir de amanhã. O objetivo é ganhar espaço no mercado de infraestrutura para operadoras, ativo que tem se tornado mais importante para as companhias com a expansão da internet em alta velocidade.

Em entrevista ao Valor Genaro Domínguez, executivo-chefe da companhia, explica que a Internexa não atuará apenas como uma vendedora de capacidade de conexão para companhias. "Queremos acelerar o acesso à internet", diz o executivo. A afirmação, que pode soar estranha vinda de uma empresa que não vende pacotes de acesso diretamente aos consumidores, tem a ver com seu modelo de negócio.
 
É que além das redes de fibras ópticas, a empresa aposta em acordos com redes de entrega de conteúdo - companhias como Akamai, Yahoo, Google e Netflix - para conquistar clientes. A ideia é fazer com que as empresas hospedem no Brasil arquivos de música, vídeo, entre outros. Hoje, grande parte desses dados está armazenada em equipamentos localizados fora da América do Sul.

Quando alguém acessa essas página, os dados percorrem grandes distâncias ao redor do mundo, passando por cabos submarinos e pontos de conexão em diversos países. A velocidade dessa comunicação, ou latência, não está diretamente relacionada ao pacote de internet contratado pelo internauta, o que causa a sensação de lentidão no acesso. Mesmo dados hospedados em países vizinhos, como a Argentina, trafegam por rotas de comunicação que passam por Miami e depois chegam ao Brasil.

Com a proximidade geográfica, o objetivo é que o tempo necessário para esses acessos caia entre 50% e 70%. "Chega uma hora em que não basta apenas aumentar a velocidade da conexão. É preciso ter o conteúdo mais perto de onde ele é acessado para melhorar o desempenho", diz Rogério Carvalho, ex-executivo da antiga AES Atimus, que foi contratado para comandar os negócios no Brasil. Carvalho não cita nomes, mas afirma que as operações no país terão início com material das "maiores redes de conteúdo do mundo". Além das operadoras, estão na lista de potenciais clientes empresas que vendem sistemas no modelo de computação em nuvem, no qual os dados não ficam armazenados no computador do usuário e são acessados pela internet. Em quatro anos, a Internexa planeja ter 21% do mercado de redes. Para iniciar sua operação no país, a companhia investiu em centros de dados nas cidades de São Paulo e Belo Horizonte e adquiriu direito de uso de fibras ópticas que ligam seis capitais à rede que a companhia mantém na América do Sul. Segundo Domínguez, a companhia negocia com o governo brasileiro o uso da rede de fibras ópticas da CTEEP no interior de São Paulo.
 
Criada em 2000, a partir de um desmembramento da ISA, a Internexa tem operações em sete países da América do Sul, e atingiu US$ 70 milhões em vendas no ano passado. Para 2012, a expectativa é chegar a US$ 83 milhões. Segundo Domínguez, a Colômbia será responsável por 75% desse total.