11/09/08 10h17

Investimento e consumo dão ritmo chinês ao PIB

Valor Econômico - 11/09/2008

Apoiada nos investimentos recordes das empresas e do governo em máquinas, equipamentos e construção, a economia brasileira cresceu acima das estimativas no segundo trimestre e fechou o semestre em alta de 6%. Na comparação com o segundo trimestre de 2007, a taxa chegou a 6,1%. Em relação ao primeiro trimestre, o PIB apresentou expansão de 1,6%. "O PIB vem crescendo ao ritmo de 6% há um ano", disse a gerente das Contas Trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis. Ela ressalta que o efeito do novo ciclo de alta dos juros iniciado em abril pelo Banco Central não foi sentido no segundo trimestre. Sem considerar o efeito negativo do setor externo (importações e exportações de bens e serviços) sobre o PIB, de 2,5 pontos percentuais, o ritmo da expansão doméstica é comparável ao chinês. Segundo cálculos do economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, a demanda interna cresceu 8,5% no primeiro semestre. "É o investimento que está segurando o crescimento do PIB. Sem investimento, o PIB estaria em 4% ao ano", disse Borges. Os investimentos registraram alta de 16,2% no segundo trimestre, a 18ª alta consecutiva na comparação com igual período do ano anterior e recorde da série histórica do IBGE, iniciada em 1996. A taxa de investimento sobre o PIB, de 18,7%, foi a maior já registrada para um segundo trimestre desde 2000, quando foi iniciada a série do indicador. No semestre, o nível da alta do investimento também foi recorde e chegou a 15,7%. Segundo cálculos da LCA, em termos dessazonalizados, a taxa de investimento ficou em 19%, a maior desde o primeiro trimestre de 1998 na comparação com todos os trimestres do período analisado. O consumo das famílias, com peso de cerca de 60% do PIB, continuou em patamar elevado, mas desacelerou ligeiramente e passou de 6,9% para 6,7% do primeiro para o segundo trimestre na comparação com igual período do ano anterior. Para o IBGE, a expansão do consumo foi motivada principalmente pelo aumento da massa salarial. No segundo trimestre, a massa salarial dos brasileiros teve alta de 8,1%. Além disso, o crédito farto e os prazos longos de pagamento dos empréstimos contribuíram para a expansão. Houve crescimento de 32,9% no saldo de operações de crédito com recursos livres para pessoas físicas. A taxa de crescimento do consumo das famílias em termos dessazonalizados ficou em 2,1% no segundo semestre de 2007 e desacelerou para 0,7% até junho de 2008. Pela ótica da produção, o PIB teve como destaque a agropecuária, cuja expansão foi de 4,8% em relação ao segundo trimestre de 2007 em razão das boas safras de café e milho e ainda a ganhos de produtividade que passaram a ser contabilizados pelo IBGE a partir de 2008. A indústria também ficou em patamar elevado, de 5,7%, puxada pela construção civil.