29/04/08 14h07

Investimento estrangeiro avança 34%

Folha de S. Paulo - 29/04/2008

Apesar do cenário de incertezas no mercado internacional, o fluxo de investimento estrangeiro direto para o Brasil observado até agora já supera os valores registrados no início de 2007. Entre janeiro e março deste ano, de acordo com o Banco Central, o ingresso de capital externo somou US$ 8,799 bilhões, 34% a mais do que no primeiro trimestre de 2007 e recorde para o período. Neste mês, segundo dados parciais fechados ontem, o resultado também é positivo e está acumulado em US$ 3,6 bilhões. A projeção do BC é que o valor fechado deste ano seja de US$ 32 bilhões, que, se confirmado, ficará um pouco abaixo dos US$ 34,6 bilhões de 2007. No primeiro trimestre, o setor financeiro foi o que mais recebeu investimentos estrangeiros, ficando com 15,4% do total. Empresas metalúrgicas e montadoras de veículos responderam por 10,3% e 7,2%, respectivamente, do valor investido no Brasil por multinacionais. O chefe do Departamento Econômico do BC, Alltamir Lopes, ressalta que os setores que mais têm recebido investimentos estrangeiros estão entre os que mais sofrem com o desaquecimento da economia americana. As instituições financeiras, por exemplo, têm tido perdas bilionárias com a crise no setor imobiliário nos EUA. Além disso, ele afirma que a crise americana também tem influenciado no envio de lucros ao exterior feitos por multinacionais instaladas no Brasil, que em março atingiu nível recorde. Mas não foram apenas os investimentos diretos que continuam em patamares elevados. As aplicações financeiras, que têm como principal destino os títulos emitidos pelo governo, também se mantêm em alta, apesar da recente iniciativa do Ministério da Fazenda para conter esse fluxo de dólares. Desde 17 de março, investidores estrangeiros que aplicam em títulos públicos -cuja rentabilidade acompanha os movimentos da taxa Selic, hoje em 11,75% ao ano- passaram a pagar uma alíquota mais alta de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O objetivo era, justamente, diminuir a procura desses investidores por papéis do governo, reduzindo também, por conseqüência, o fluxo de dólares para o Brasil. Os números do BC mostram, porém, que por enquanto a medida teve pouco efeito. Ao longo de todo o mês passado, as aplicações de estrangeiros em títulos de renda fixa somaram US$ 4,276 bilhões, 22% a mais do que em março do ano passado e acima dos US$ 3,036 bilhões de fevereiro último.