29/05/07 10h53

Investimento externo cresce e atrai mais firmas

Valor Econômico - 29/05/2007

O processo de internacionalização das empresas brasileiras segue em ritmo forte neste ano. Uma etapa natural e positiva no desenvolvimento de companhias de grande porte, o movimento em direção ao exterior se acentuou recentemente, levando para fora do país também empresas menores, que reagem principalmente à valorização do câmbio e à percepção de que o dólar continuará barato por muito tempo. De fevereiro para cá, pelo menos 12 empresas - de setores como siderurgia, calçados, alimentos e autopeças - anunciaram projetos de investimento ou a ampliação de seus negócios fora do país. Números do Banco Central mostram que, de janeiro a março, as empresas brasileiras investiram US$ 5,2 bilhões no exterior, 57,5% a mais que os US$ 3,3 bilhões do mesmo período de 2006. Para as companhias, a internacionalização traz uma série de benefícios, como a ampliação de mercados e o aumento de eficiência. Para a economia brasileira, porém, pode haver alguma perda, como a "exportação" de empregos, dizem alguns analistas. Um dos destinos preferenciais do investimento brasileiro no exterior é a América Latina. A Metalfrio Solutions, fabricante de freezers e refrigeradores, comprou neste ano a mexicana Refrigeración Neto por US$ 13,5 milhões. Já a gaúcha Artecola, do setor de adesivos industriais, realizou aquisições no Chile, Peru e Argentina, que devem garantir US$ 19 milhões para a receita líquida da empresa em 2007. A atuação das empresas brasileiras, porém, também inclui países desenvolvidos. A Tigre, fabricante de tubos, conexões e acessórios de PVC, deve inaugurar no mês que vem sua primeira fábrica nos EUA, onde serão investidos US$ 5 milhões. Os analistas ressaltam que o câmbio promove mudanças importantes na economia. Vale lembra que a situação era diferente em 2004, quando o dólar em um nível mais favorável levou multinacionais a apostar no Brasil como plataforma de exportação. Essa perspectiva deixou de existir, segundo analistas. O investimento estrangeiro direto continua a entrar em volumes razoáveis - o saldo líquido de 2006, de US$ 18,8 bilhões, foi até um pouco superior aos US$ 18,1 bilhões de 2004. O ponto é que, hoje, as multinacionais investem no Brasil para aproveitar o mercado interno, e não para exportar.