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Iveco ignora a crise e decide investir em 20 novas revendas

Valor Econômico - 11/03/2009

A princípio, pode soar estranho que uma empresa da indústria de caminhões, setor que somente nos dois primeiros meses do ano amarga uma queda de vendas de 24%, se programe para abrir 20 novos pontos-de-venda ao longo do ano. Ainda pequena no mercado, a Iveco amplia a atividade mesmo num momento ruim porque a direção quer preparar a companhia para o que virá depois da crise, seja no segundo semestre ou daqui a cinco anos. Desde que construiu uma fábrica no Brasil, há pouco mais de oito anos, a empresa, que pertence ao grupo Fiat, vinha crescendo aos poucos. Mas, nos dois últimos anos, embalada pela liberação de investimentos, a empresa conseguiu dar saltos significativos, reduzindo a ainda longa distância que a separa da Mercedes-Benz e da Volkswagen Caminhões. A Iveco é dona de 7,6% do mercado de veículos comerciais. É exatamente o dobro do que tinha há dois anos, mas é ainda uma participação pequena diante de percentuais próximos de 30% que cada uma das duas maiores empresas detêm. A meta é passar das 72 concessionárias de hoje para pelo menos 120 em 2011, quando o presidente da empresa, o italiano, Marco Mazzu, pretende encerrar um ousado projeto de expansão de oferta de produtos, que prevê o lançamento de duas novas famílias de veículos por ano. A expansão da rede, aliada ao lançamento de produtos, fez com que a empresa conseguisse crescer em fevereiro na comparação com igual mês do ano passado. No período, as vendas da marca avançaram 3,5% enquanto que o mercado encolheu 25,3%. No ano passado, o crescimento da marca atingiu 90%, mais de três vezes acima da média do mercado.  Mais familiarizada com o país, a filial brasileira consegue hoje desenvolver projetos de engenharia para adaptações e até criação de produtos. O centro de desenvolvimento inaugurado em 2008, o sétimo do grupo, conta com 120 engenheiros. "Seria impossível manter o programa ambicioso de duas famílias por ano sem essa força", afirma Mazzu.  O presidente da Iveco acredita, porém, na melhoria do mercado de caminhões. Para ele, a queda nas taxas de juros deve ajudar porque há demanda reprimida num país onde a frota é antiga. "Posso ser taxado de excessivamente otimista, mas vejo sinais de recuperação ainda este ano", diz.