16/09/13 13h30

Japonesa Daikin abre fábricas em Manaus e SP

Valor Econômico

Depois de ensaiar a instalação de uma fábrica no Brasil por alguns anos, a indústria de ar condicionados japonesa Daikin acelerou seus planos para o país e está investindo R$ 115 milhões em duas unidades fabris, uma em Manaus (AM), com aporte inicial de R$ 100 milhões, e outra em Mogi das Cruzes (SP), com desembolso de R$ 15 milhões.

A companhia produz aparelhos de ar condicionado residenciais e comerciais e equipamentos e sistemas de refrigeração, aquecimento e tratamento de ar para ambientes maiores e resolveu apressar a produção local após a elevação de impostos para importação de produtos de seu setor, no ano passado.

Segundo Luiz Carlos Cabral, vice-presidente executivo de Vendas da Daikin no Brasil, a elevação da alíquota de 14% para 25% inviabilizou a importação de alguns tipos de ar condicionados, como os splits frios residenciais. Esses produtos fazem parte da lista de itens com impostos de importação elevados pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em uma medida de proteção da indústria nacional.

"O importador sofre mais do que quem tem fábrica no país", disse Cabral. Ainda que a elevação do imposto deixe de vigorar, a empresa diz que a incerteza sobre eventuais novos aumentos justifica a decisão de acelerar a instalação das fábricas. A Daikin espera que a produção local corresponda por 30% de suas vendas em 2014 e 80% em 2016

A Daikin agora pretende se fortalecer rapidamente no mercado brasileiro, onde já atua há dois anos e meio com alguns produtos, e entrar em segmentos nos quais ainda não está presente. A ambição é assumir uma posição relevante no mercado em três anos. Cabral afirma que a empresa vê grande potencial no mercado brasileiro, que ainda representa pouco da receita global do grupo, de US$ 13,8 bilhões no ano passado e estimada em US$ 18 bilhões neste ano.

A associação que representa o setor no país, a Abrava, prevê faturamento de R$ 29 bilhões neste ano para a indústria de equipamentos e serviços de refrigeração, ventilação e aquecimento, 8% acima do valor do ano passado.

Em Mogi das Cruzes, a Daikin deu início à produção em agosto. Inicialmente, opera em um ritmo de duas mil máquinas ao ano, mas espera triplicar o volume em 2014. A companhia produz no local unidades de tratamento de ar, usadas em prédios industriais, administrativos e comerciais. Até então, não comercializava esses produtos no país, cujo mercado é liderado pela norte-americana Carrier, presente no Brasil há 30 anos. Em uma segunda etapa, pretende fabricar resfriadores de líquidos. A Daikin já vende estes produtos do Brasil, mas importa de suas unidades fabris na Itália e nos Estados Unidos.

Em Manaus, pretende começar a produzir equipamentos de refrigeração de menor porte, para residências e estabelecimentos comerciais, em junho do ano que vem, quando a unidade será inaugurada. O objetivo é terminar o ano fiscal de 2014, em março de 2015, com 80 mil unidades. No ano seguinte, com 12 meses inteiros, a meta é chegar a 160 mil unidades, segundo Cabral. "No mercado residencial, queremos pelo menos 15% de participação", diz.

A princípio, a Daikin fabricará na nova unidade os splits convencionais e de alta eficiência, que reduzem o consumo de energia. Em um segundo momento, com novos investimentos, pretende produzir também o VRV, sigla para volume refrigerante variável, que é um tipo de ar condicionado central criado pela empresa em 1982, no Japão.

As novas fábricas elevam de 150 para 700 o número de empregos diretos na companhia, segundo Cabral, e exigirão investimentos em venda dos produtos. No momento, a empresa estuda a instalação de centros de distribuição em locais estratégicos no Sudeste, no Norte e no Nordeste. A empresa tem cinco escritórios no país e no ano que vem, abrirá mais três, em Salvador, Brasília e Fortaleza.