30/12/10 10h32

Key e Mundus Carbo unem suas operações e criam a WayCarbon

Valor Econômico

A paulista Key Associados e a mineira Mundus Carbo, consultorias em créditos de carbono e negócios do clima, anunciaram na semana passada a fusão de suas atividades, criando a WayCarbon. A nova empresa, sediada em São Paulo, reunirá uma carteira de clientes de peso no mercado brasileiro e internacional, atuando nas áreas de alimentos, energia renovável, mineração e transportes, entre outros setores. A fusão dá à nova empresa um portfólio de créditos de cerca de 65 milhões de toneladas de CO2 equivalente nos próximos 10 anos. "O objetivo é assumir a liderança brasileira do mercado de crédito de carbono e ser uma das cinco maiores empresas do setor na América Latina", afirma Marco Antonio Fujihara, diretor de Relações Institucionais da WayCarbon.

Na opinião do executivo, os negócios de crédito de carbono, um dos filões iniciais das consultorias de sustentabilidade, ainda está aquecido, apesar da indecisão internacional sobre a prorrogação do Protocolo de Kyoto após 2012. O protocolo criou o chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), sistema pelo qual países poluidores podem compensar suas emissões de gases-estufa através da compra de créditos de carbono em países em desenvolvimento, como o Brasil. Por convenção, cada crédito de carbono equivale a uma tonelada de gás-estufa jogado na atmosfera. "Não tem jeito de não continuar. É a forma mais barata de reduzir as emissões", diz Fujihara, lembrando que os contratos de MDL seguem o mercado europeu de venda e crédito de carbono, que independe de Kyoto. Hoje, o preço de cada tonelada de carbono está na casa de €13.

Para o executivo, a união operacional vai melhorar o posicionamento da empresa ampliando ainda mais sua capacidade comercial, técnica e de atendimento aos clientes. "Todas as empresas e instituições precisam se posicionar em relação às mudanças climáticas", afirma Fujihara. Além da estruturação dos créditos de carbono, a empresa pretende continuar a atuar fortemente também nos negócios relacionados ao clima. Isso significa, por exemplo, orientar empresas de capital aberto sobre governança climática. "Esse fator deve ter cada vez mais importância no direcionamento dos negócios, abrindo espaço para a realização de inventários de gases de efeito estufa, estruturação de operações financeiras a partir de créditos de carbono, como suporte para as empresas inserirem o tema em uma visão de longo prazo de seus negócios", avalia Fujihara.

Nos últimos anos, o segmento passou por um período de consolidação. A primeira grande aquisição foi da irlandesa AgCert, maior consultoria de créditos de carbono para suinocultura, pela americana AES. Depois foi a vez da Ecosecurites, líder no mercado brasileiro em número de projetos de MDL, pelo J.P.Morgan. Outro caso foi o do MGM, incorporado pelo Morgan Stanley.