26/08/13 15h12

Lenovo cria centro de serviços e planeja novos lançamentos

Brasil Econômico


Fabricante chinesa de computadores amplia ciclo de investimentos no Brasil e amplia portfólio ainda este ano.

A operação local contará com um centro de reparos para os produtos da marca e da recém-adquirida CC

A língua portuguesa não é algo totalmente novo para o americano GerrySmith. O executivo começou a incorporar algumas palavras do idioma ao seu vocabulário há cerca de dois anos, quando passou a praticar o chamado “brazilian jiu-jitsu”, variação da arte marcial japonesa que hoje atrai milhares de praticantes e fãs em todo o mundo. No entanto, o novo sotaque não foi o único aprendizado do contato com a técnica brasileira. “Um lutador de jiu-jitsu sempre pensa cinco, seis movimentos à frente. É um jogo de estratégia. Do ponto de vista de negócios, é o que tentamos fazer na Lenovo”,afirma Smith, presidente da Lenovo para as Américas.

Sob essa visão, tudo indica que oportunidades não irão faltar para que Smith aprimore sua pronúncia. Com o objetivo de melhorar sua estrutura local de pós vendas, o novo movimento da fabricante chinesa de computadores no Brasil é a inauguração de uma unidade de serviços na fábrica da empresa Itu (SP). O investimento no projeto não foi revelado.

Instalada em uma área de quatro mil metros quadrados e com uma equipe de 160 pessoas, a novaunidadeabriga setoresadministrativos e de distribuição de pe-
ças, além de um Centro de Reparos, que vai atender a todo o portfólio da marcae também da CCE, adquirida pela Lenovo em setembro de 2012, por R$ 300 milhões.

A estimativa da companhia é reduzir em até 90%o tempo de conserto de cada equipamento. A integração com a CCE também aumentaa relevância do Brasil em mais uma etapa da estratégia de proteger e atacar, mote que há quatro anos a fabricante adotou e que consiste em defender os negócios em países onde ela detém grande participação, como a
China.

Ao mesmo tempo,envolve a expansão da presença em mercados emergentes, especialmente na Ásia e na América Latina. Como uma extensão desse
conceito e para criar novas frentes de atuação em meio ao enfraquecimento do mercado de PCs, a Lenovo tem investido em um novo esforço — batizado de PC+, que visa fixar a marca também no segmento dos dispositivos móveise das TVs conectadas.“Com um portfólio desmartphones, tablets e TVs, a CCE será um componente importante para que essa transição ganhe impulso no Brasil”, diz Smith.


Em relação às linhas da Lenovo, eleafirma que o plano é lançar os primeiros smartphones e tablets da marca no país ainda esse ano. Já no segmento empresarial, o próximo passoé produzirnoBrasil equipamentos das linhas de
servidores e workstations, como são chamados os computadores com maior poder de processamento. “Nossa ideia é fabricar de 95%a 98% de todoo nosso portfólio no Brasil”, diz o executivo.

Além da nova áreae da aquisição, o ciclo recente de investimentos da Lenovo no Brasil inclui um aporte de US$ 30 milhões para a montagem da fábrica em Itu. O projeto entrou em operação em janeiro desse ano. Desde então foram contratados mil funcionários, o que fez com que a equipe somasse mais de quatro
mil colaboradores no país.

Dono do terceiro maior mercado mundial de PCs, o Brasil passou a ser um dos pilares do conceito adotado pela marca. “Não tínhamos uma participação expressiva no país .A CCE nos trouxe maior entendimento do mercado local, além do acesso a uma rede regional de parceiros de distribuição”, diz Smith.
“Alcançamos um novo segmento de consumidores e hoje cobrimos todos os perfis declientes no país”, observa. Dentro de uma abordagem complementar, a marca CCE
trabalha com produtos de preços mais acessíveis, enquanto a Lenovo atua em faixas mais elevadas e também no segmento empresarial.

Como resultado desses investimentos, a Lenovo saltou da sétima posição no mercado brasileiro de PCs, há um ano, para a segunda colocação no segundo trimestre. Entre abrile junho,a chinesa alcançou uma participação de 9,7% no país e registrou um crescimento de 135% sobre o mesmo intervalo de2012, segundo dados da consultoria IDC.

O investimento em fábricas próprias — prática pouco comum no setor, muito caracterizado pela parceria das marcas com empresasespecializadas em manufatura
terceirizada — é mais um componente estratégico destacado por Smith.“Além de trazer vantagens em termos de custos, essaintegração vertical nos dá mais rapidez
para atenderao mercado”, diz.

Na avaliação do executivo, esse pacote de estratégias — que inclui também ofocoeminovação— ajudaa explicar o desempenho incomum da Lenovo no setor de PCs. Enquanto rivais como HewlettPackard (HP)e Dell enfrentam sérias dificuldades para se adaptar à transição dos PCs para os dispositivos móveis, a chinesa vem registrando seguidos índices decrescimento. Em seu primeiro trimestre fiscal, encerrado em 30 de junho, ela faturou US$ 8,8 bilhões, alta de 10%na comparação anual, e assumiu a liderança global em PCs.