29/05/08 11h38

Lilly traz ao país droga de 'lagarto' contra diabetes

Valor Econômico - 29/05/2008

Transformar um recurso natural em medicamento é o sonho de quase todo pesquisador e porque não de boa parte da indústria farmacêutica. Além de praticamente ser sinônimo de campeã de vendas, uma droga como essa no portfólio aumenta o respeito do laboratório junto à comunidade científica e acaba também por colocar o descobridor na vanguarda do setor. Foi o que aconteceu com o médico John Eng e a americana Eli Lilly. Quase duas décadas atrás, Eng partiu em direção aos desertos do sudoeste dos Estados Unidos, onde vive o maior lagarto americano, o Monstro de Gila. E estudando o animal Eng e sua equipe descobriram que Gila possuía um hormônio similar ao hormônio digestivo humano GLP-1, fundamental no controle da quantidade de glicose no organismo e que está diretamente ligado ao desenvolvimento do diabetes tipo 2. Com essa informação debaixo do braço, o pesquisador e o laboratório sintetizaram o hormônio e desenvolveram o Byetta, um medicamento que promete retardar a chegada do paciente à insulina. Lançado nos Estados Unidos em 2005, o Byetta acaba de desembarcar no Brasil, com a promessa de repetir aqui o bom desempenho de lá de fora. Hoje, a Lilly fatura no Brasil cerca de R$ 500 milhões (US$ 303 milhões) por ano, sendo que o negócio diabetes representa algo como R$ 100 milhões (US$ 60,6 milhões). A estimativa, portanto, é que o Byetta represente pelo menos 20% das vendas da divisão no Brasil em um prazo de dois anos. Ou seja, tomando por base os números atuais, isso já significaria algo como R$ 20 milhões (US$ 12,1 milhões) ou 4% da receita total do laboratório no país.