27/10/08 15h51

Livrarias não temem crise e mantém investimentos para o próximo ano

Valor Econômico - 27/10/2008

Os novos apetrechos eletrônicos, as viagens ou outros programas de lazer com custos elevados são sempre relegados a último plano em momentos de aperto financeiro. Mas ao contrário desses setores, onde a crise chega rapidamente, as livrarias estão menos receosas e mantém seus projetos de vendas e expansão para os próximos meses e até em 2009. Os livreiros acreditam que os livros, CDs e DVDs podem ser uma opção de lazer mais barata, além de ter um público cativo. Ouvidas pela reportagem do Valor, os representantes da Livraria da Vila, Cultura, Saraiva, Travessa, Nobel e Curitiba foram unânimes em afirmar que o setor não será tão impactado. "O nosso setor não é tão elástico. Não vendemos muito mais livros quando a economia está bem ou vice-versa. As pessoas que não tem o costume de ler não vão comprar livro porque estão com dinheiro. E, quem realmente gosta de ler vai manter esse hábito que não é tão caro", diz Sérgio Milano Benclowicz, presidente da Nobel Franquias, que tem 185 unidades no Brasil. Líder no sul do país, a Livrarias Curitiba manterá seu plano de investimento previsto para os próximos quatro anos, que é dobrar para 30 unidades a rede de lojas nesse período. "A crise tem um efeito contrário para nós. Já passamos por outras situações semelhantes e aprendemos que nessas fases o brasileiro fica mais em casa, compra um livro para passar o tempo", afirma Marcos Pedri, sócio da Livrarias Curitiba. Com cerca de 100 lojas, a Saraiva também informou que não mexeu no plano de expansão para o biênio 2009-2010, período em que pretende abrir 11 novos pontos. "Já temos cinco ou seis contratos fechados com shoppings", diz Marcílio D'Amico Pousada, diretor-presidente da Saraiva. Conhecidas pelo acervo de títulos importados, a carioca Travessa e a paulista Livraria da Vila, informaram que não sentiram até o momento queda nas vendas de livros cotados em dolar. O diretor comercial da Livraria Cultura, Sério Herz, lembra que os recursos para expansão de livrarias são provenientes de linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que vem injetando recursos no mercado. Menos otimista está a livraria Loyola, com três lojas na zona central de São Paulo, área de confluência financeira. "Nos últimos 30 dias percebemos uma redução no volume de clientes", diz o dono da Loyola, Vítor Tavares. Ele prevê inclusive um cenário mais pessimista para as pequenas e médias empresas do ramo. "Revimos nossa projeção de crescimento para esse ano que era de 9% a 10% para algo entre 7% e 8%", diz Tavares. As livrarias registraram em 2007 um faturamento de cerca de R$ 1,2 bilhão (US$ 545,5 milhões) e representam 47,6% dos canais de venda, segundo dados da Câmara Brasileira do Livro (CBL).