22/03/10 10h36

Lojas de luxo crescem com novos investidores

DCI

O crescimento da economia brasileira abre um novo horizonte para as marcas consideradas de luxo e começa a atrair grifes internacionais, como a Marc Ecko Cut & Sew e a Hermès, que chegam ao mercado de luxo do País impulsionadas pelo aumento do número de bilionários no mundo, resultado puxado principalmente pelos países emergentes, a exemplo do Brasil. Do ano passado pra cá, o número de pessoas com mais de U$$ 1 bilhão para gastar subiu de 793 para 1.011, em todo o mundo, segundo levantamento publicado recentemente pela revista americana Forbes. No Brasil, com a chegada de novos consumidores à classe A, as redes consideradas de luxo esperam crescer 15% em 2010, em um mercado que até 2012 deve chegar a U$$ 450 bilhões, tendo há dois anos movimentado cerca de U$$ 203 bilhões.

Para a professora de Marketing do Programa de Administração do Varejo (Provar), Ana Caroline Fernandes, o otimismo das redes é fruto de uma disposição maior do consumidor da classe A para gastar, após a recuperação da crise econômica no ano passado. "Teremos um incremento do mercado consumidor destes produtos, porque as pesquisas mostram que o número de milionários aumentou", diz. Segundo Ana Caroline, o crescimento da demanda por itens exclusivos vai impulsionar a expansão das grifes a capitais além de São Paulo, que fica com 51% das vendas do mercado de luxo do País. "Existe espaço para as marcas em capitais como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre."

Os planos das redes confirmam a teoria da professora, principalmente quanto à exploração de novos mercados pelas grifes. Exemplo é a NK Store, localizada na Rua Oscar Freire, na capital paulista, loja de roupas e artigos de marcas famosas, como: Stella McCartney, Marc Jacobs, Mulberry e Missoni. Segundo a proprietária, a empresária Natalei Klein, herdeira da Casas Bahia, a intenção é investir na inauguração de uma loja no Rio de Janeiro, segundo maior polo consumidor de artigos de luxo do País, e crescer o dobro do mercado, a uma taxa próxima a 30%.

Para Vela Lopes, diretora da unidade brasileira da The Luxury Marketing Council, entidade internacional que reúne as maiores empresas de luxo do mundo, o mercado mostra potencial de crescimento a taxas acima de dois dígitos graças ao crescimento do número de milionários e ao campo inexplorado por esse segmento no País. "Para as grifes existe mercado para crescer, também fora de São Paulo, porque muita gente vem comprar aqui", conta.

A grife calçadista Paloma Herrera, com três lojas na capital paulista, antevê este ano um crescimento de 15% e motivos para expansão da marca, com duas novas lojas até o início segundo semestre. "Queremos ampliar a participação em São Paulo e montar uma rede de lojas", conta Paloma Herrera, proprietária da marca. "O mercado está bastante aquecido, isso impulsiona os investimentos", completa. De tão animada com as vendas, a empresária já planeja ampliar a sua fábrica, na capital, para dar conta da expansão. "Vamos investir para aumentar a produção, com maquinários, para nos prepararmos para abrir a rede", conta. O plano da rede para alcançar o status de grande rede é inaugurar seis lojas nos próximos três anos, todas em bairros nobres. "Começamos esse projeto no ano passado, com a abertura de duas lojas. Agora vamos dar continuidade para ter um bom número de lojas próprias", afirmou ela.