06/08/10 16h13

Lopes vende US$ 3,4 bilhões até junho e parte para aquisições

Valor Econômico – 06/08/10

Depois de passar quase dois anos crescendo organicamente, a Lopes Imobiliária, ancorada em resultados recordes no segundo trimestre, volta a adotar a estratégia da expansão via compra de empresas - caminho adotado, com sucesso, pela concorrente direta BR Brokers. Só nós últimos dois meses, a Lopes anunciou a compra de três novas imobiliárias: Patrimóvel, maior imobiliária do Rio, Self, em Niterói e Vila Nova Conceição (VNC), em São Paulo. O investimento já realizado é de R$ 20 milhões (US$ 11,4 milhões), mas pode chegar a R$ 70 milhões (US$ 40 milhões) com a compra do controle da Patrimóvel até o fim do ano.

O objetivo é, principalmente, investir em empresas com experiência na venda de imóveis usados e consolidar a marca Pronto!. As duas aquisições de menor porte - Self e VNC - atuam exclusivamente com imóveis usados, enquanto a Patrimóvel está nos dois mercados. Segundo Marcelo Leone, diretor de relações com investidores da Lopes, a empresa se prepara para fazer novas aquisições nesse segmento. Antes dessas, a Lopes comprou seis imobiliárias, todas com foco na venda de imóveis novos.

Depois de se consolidar como uma empresa de lançamentos - foram R$ 6 bilhões (US$ 3,4 bilhões) entre abril e junho - a Lopes parte para aumentar a fatia de usados, que servem como uma espécie de "hedge" em tempos difíceis. Quando o mercado imobiliário retrai, a primeira reação das incorporadoras é cancelar lançamentos - matéria-prima desse tipo de imobiliária. É uma garantia adicional em relação à concorrência com as empresas de vendas das incorporadoras.

Mas a Pronto! ainda é bastante pequena para o tamanho da Lopes. Embora tenha crescido 67% do segundo trimestre de 2009 para este ano, a divisão alcançou um volume de vendas de R$ 272 milhões (US$ 155,4 milhões) para um total de R$ 3,4 bilhões (US$ 1,94 bilhão). "Já estamos consolidados no mercado de novos e queremos crescer no secundário", diz Leone. A divisão de usados, que tinha 17 lojas próprias no fim do ano passado, está com 30 lojas agora. "O mais importante é que a produtividade das lojas saiu de R$ 2 milhões (US$ 1,14 milhão) por mês por loja para R$ 3 milhões (US$ 1,71 milhão) mensais."

Na última ponta da cadeia, as imobiliárias refletem o boom que vive o setor. Com lançamentos de R$ 6 bilhões (US$ 3,4 bilhões) e vendas de R$ 3,4 bilhões (US$ 1,94 bilhão) no segundo trimestre, a Lopes alcançou um lucro líquido de R$ 22,6 milhões (US$ 12,9 milhões), alta de 131% sobre o segundo trimestre do ano passado. O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Lajida) atingiu R$ 38,3 milhões (US$ 21,9 milhões), contra R$ 20,7 milhões (US$ 10,5 milhões) no segundo trimestre de 2009. A margem Ebitda atingiu 48% e a margem líquida, 29%.

Nos primeiros seis meses do ano, a Lopes alcançou R$ 6 bilhões (US$ 3,4 bilhões) em vendas, quase a metade do total planejado para o ano. O principal destaque do trimestre foram as vendas para classe média e média alta (entre R$ 350 mil/US$ 200 mil e R$ 600 mil/US$ 343 mil), que representaram 44% das unidades vendidas e 39% do valor. As unidades econômicas (abaixo de R$ 150 mil/US$ 85,7 mil) representaram 4,2 mil unidades ou 34% das 12.369 unidades vendidas pela Lopes. A Credipronto, joint venture entre Lopes e Itaú para financiamento de imóveis usados, atingiu R$ 240 milhões (US$ 137,1 milhões). Com isso, a empresa aumentou a projeção de financiamentos de R$ 350 milhões (US$ 200 milhões) para R$ 500 milhões (US$ 286 milhões) em 2010.