10/10/08 14h33

Mais seletiva, Dasa continua comprando

Valor Econômico – 10/10/2008

Anunciado há dez dias, o novo presidente da Diagnósticos da América (Dasa), Marcelo Noll Barboza, chega com a missão de manter o plano de expansão, por meio novas de aquisições e crescimento orgânico, mesmo em tempos de escassez de crédito no mercado. Antigo vice-presidente da GE Healthcare Latin América, Barboza afirma que a posição da Dasa continua sendo de compradora. Desde o IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês), a empresa já promoveu 11 aquisições. "Temos R$ 90 milhões (US$ 40,9 milhões) provenientes de geração de caixa e mais US$ 250 milhões de uma emissão de bônus no exterior feita há seis meses", disse ele. Porém, com a alta da moeda americana nos últimos dias, a empresa tornou-se ainda mais seletiva. A última aquisição foi feita em agosto do ano passado e hoje esse maior rigor na seleção não é à toa. Os US$ 250 milhões que a Dasa possui em caixa para aquisições estão em dólar e sem uma operação de hedge (proteção contra variação cambial). "Se surgir uma oportunidade muito interessante podemos trazer esse dinheiro para o Brasil e verificaremos a necessidade de fazer hedge", explicou Barboza. Atualmente, apenas as parcelas dos cinco primeiros anos do empréstimo, que vencem semestralmente, têm proteção cambial. A dívida em moeda estrangeira está aplicada em papéis do título do Tesouro Americano e vence daqui a dez anos. Para essa operação, a Dasa chegou a fechar um contrato de hedge, mas cancelou poucos dias depois por considerar o prazo muito longo. Com isso, o laboratório conseguiu evitar perdas milionárias como as que atingiram a Sadia e a Aracruz. O laboratório já investiu, desde novembro de 2004, data do IPO, um total de R$ 700 milhões (US$ 318,2 milhões), sendo R$ 324 milhões (US$ 147,3 milhões) somente em aquisições. A última negociação foi a compra da MedImagem por R$ 47 milhões (US$ 21,4 milhões). O novo presidente afirmou não acreditar que a atual turbulência financeira tenha reflexos negativos sobre o desempenho da Dasa. "A saúde é uma necessidade básica e não acho que haverá impactos. Só se houver um desemprego em massa no país, mas não acredito nisso", disse. O executivo destacou ainda que o mercado brasileiro de medicina diagnóstica é extremamente pulverizado, com muitos laboratórios pequenos, o que abre possibilidades de aquisições. "Há ainda muito espaço para crescer. Apesar de todas as aquisições, a Dasa detém apenas 5% do mercado e há ainda várias outras praças que queremos chegar", afirmou Barboza.