05/10/10 13h29

Massa salarial cresce US$ 13,5 bi em regiões metropolitanas

Valor Econômico – 05/10/10

O ajudante de produção Jhonata Carlos Monteiro teve uma melhora de renda razoável neste ano, ao trocar a confecção em que trabalhava pela metalúrgica Ventisilva, fabricante de ventiladores, minimotores e exaustores. Além de ver o salário aumentar de R$ 510 (US$ 300) para R$ 814 (US$ 479), Monteiro passou a ter mais dinheiro disponível no fim do mês por causa de benefícios como tíquete refeição, cesta básica e convênio médico.

A história de Monteiro ilustra bem o comportamento do mercado de trabalho em 2010. Nos 12 meses até agosto, a massa salarial cresceu R$ 17,8 bilhões (US$ 10,5 bilhões) nas seis principais regiões metropolitanas do país, já descontada a inflação, uma alta de 5%. No ano de 2010 inteiro, a expectativa da Tendências Consultoria Integrada é que essa massa cresça R$ 23 bilhões (US$ 13,5 bilhões) em termos reais. Isso embute uma estimativa de alta de 6,5% para a massa salarial, já descontada a inflação, um percentual significativamente maior que os 3,9% de 2009.

A força do mercado de trabalho tem sido fundamental para explicar o crescimento expressivo demanda, diz o economista Bernardo Wjuniski, da Tendências. A expansão robusta do emprego e da renda, lembra ele, impulsiona o consumo das famílias. Wjuniski projeta um crescimento neste ano de 6,9% para o consumo das famílias, o principal componente do Produto Interno Bruto (PIB) pelo ponto de vista da demanda. Em 2009, a alta foi de 4,1%.

Nos últimos meses, o mercado de trabalho tem se mostrado muito aquecido. Em agosto, por exemplo, a massa salarial cresceu 8,8% acima da inflação sobre o mesmo mês de 2009. O desempenho se deve à combinação de um aumento de 3,2% da ocupação e de 5,5% do rendimento real. Várias categorias têm obtido reajustes bem superiores à variação dos índices de preços. Além disso, há forte disputa pelos trabalhadores mais qualificados em vários setores da economia, elevando os salários dos novos contratados. No acumulado do ano, a alta será mais moderada do que nos últimos meses. Ainda assim, a expectativa é de um aumento bastante razoável. Wjuniski acredita que a ocupação vai crescer 3,6% no ano e o rendimento real, 2,8%.

Esse bom momento do emprego e da renda tem se traduzido em expansão expressiva do comércio varejista. De janeiro a julho, as vendas no varejo cresceram 11,8%, na conta que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção. O desempenho é especialmente forte no segmento de móveis e eletrodomésticos, que acumula alta de 19,3% no ano, e no de equipamentos de escritório, informática e comunicação, com expansão de 25,3% no período. O economista Fábio Silveira, sócio da RC Consultores, lembra que, além do avanço significativo da massa salarial, o crédito tem sido decisivo para impulsionar a demanda.