12/08/08 15h42

Massa salarial sustenta vendas do varejo e ameniza desaceleração

Valor Econômico – 12/08/2008

O crescimento expressivo da massa salarial tem sido fundamental para impulsionar as vendas do comércio varejista. Aliada à melhora da qualidade do emprego, com o forte aumento dos postos com carteira assinada, a expansão da massa deverá ser importante para tornar mais brando o ciclo de desaceleração da economia que se espera para os próximos meses, ainda que o avanço da ocupação e do rendimento percam fôlego daqui para frente. A pujança do mercado de trabalho fica clara quando se analisa a evolução da massa salarial nominal de dezembro de 2005 a maio deste ano: no período, ela cresceu 25,9%, uma expansão fundamental para explicar a alta de 27,2% registrado pela receita nominal do varejo no período. O rendimento nominal do trabalho, por sua vez, teve aumento de 18,9%, evidenciando que a ocupação teve papel importante na elevação da massa nominal. O momento positivo do varejo também se deve à alta firme do crédito nos últimos anos, mas os analistas ressaltam que a própria expansão de empréstimos e financiamentos decorre em boa parte dos avanços no mercado de trabalho. A melhora do emprego e da renda dá mais confiança para o consumidor entrar em operações de crédito, nota a economista Thaís Marzola Zara, da Rosenberg & Associados. A crescente formalização dos postos de trabalho joga aí um papel decisivo, acrescenta Thaís. A expansão do consumo é mais sólida do que se fosse baseada numa elevação do endividamento sem expansão consistente do emprego e da renda. Em 2006 e 2007, a massa real cresceu 6,4% e 6,3%, pela ordem. Para este ano, a expectativa é de uma desaceleração do ritmo de crescimento. Como se vê, a inflação mais alta deve avançar sobre uma parcela ainda maior dos ganhos de renda dos trabalhadores no resto do ano, caindo dos 2,2% nos 12 meses até junho para 1,5% no acumulado em 2008. Thaís diz que no segundo semestre, com o dissídio de algumas categorias de trabalhadores importantes, pode haver alguma recuperação do rendimento real, mas não a ponto de superar a contribuição da ocupação para o crescimento da massa salarial. Para ela, é possível que a expansão da massa neste ano fique na casa de 5%.