18/06/09 10h09

Melhora em logística é aposta do setor rural

DCI

As vésperas do planejamento para a próxima safra e no pico logístico da atual, representantes do agronegócio e do setor logístico acreditam que o Brasil ganhou um tempo extra para melhorar sua capacidade de transporte. De olho nisso, o governo federal quer elevar para 1% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a R$ 29 bilhões (US$ 14,5 bilhões), os recursos destinados a projetos de logística e infraestrutura em 2009. O montante representa o dobro do volume financeiro disponibilizado ao setor no último ano. A afirmação foi feita por Marcelo Perrupato, secretário de Política Nacional de Transporte, do Ministério dos Transportes.

No projeto do governo, quatro trechos de hidrovias são considerados prioritários: Teles-Pires-Tapajós, Araguaia-Tocantins, Rio Parnaíba e Tietê-Paraná. O PNLT prevê uma redução do modal rodoviário de 58% para 28% em contraponto ao aumento da participação do modal ferroviário de 25% para 35% e do hidroviário de 16% para 29%, além de mais aportes em dutos para o transporte de etanol. O objetivo é construir 10 mil km de malha ferroviária em todo o País até 2023.

As empresas do setor perdem aportes em caráter emergencial. Um cenário desenhado pela Hamburg Süd para 2012, mostra que seria necessária uma capacidade adicional de 5,4 milhões de metros quadrados para os portos mais críticos. Isso porque, a balança comercial do agronegócio cresceu 142%, enquanto a retroárea aumentou 49%, o que criou um cenário de longas esperas para atracação dos navios, baixa produtividade de carga e descarga e utilização parcial da capacidade dos navios. "A espera desses navios oneram o cliente. Em 2008, os navios esperaram 20.697 horas no Brasil e houve 240 escalas canceladas, o que equivale a 10% do total", disse Julian Roger C. Thomas, diretor superintendente da Aliança Navegação e Logística - Hamburg Süd, empresa que detém 20% do market share do mercado brasileiro para o mundo. O executivo estima que o Brasil perdeu cerca de US$ 300 milhões em 2008 devido a deficiência logística nacional. Só a Hamburg Süd teve em 2008 um custo adicional de US$ 62 milhões. Antônio Carlos Rodrigues Branco, diretor de Portos e Serviços da Bunge Alimentos, disse que a saída para os gargalos seria a implantação de 70 projetos capazes de reduzir em US$ 20,5 bilhões o custo logístico brasileiro ao ano.