22/08/08 11h29

Mercado de carbono do país ganha selo 'premium'

Valor Econômico – 22/08/2008

Os projetos de créditos de carbono desenvolvidos no Brasil poderão contar, a partir de agora, com um selo "premium" de sustentabilidade. Referência no mercado global, o Gold Standard apresenta três vantagens competitivas frente aos papéis negociados no mercado de carbono: valor financeiro maior, risco menor ao investidor e a garantia de que as questões ambientais sejam de fato respeitadas. O selo já está estampado em pouco mais de 90 projetos internacionais - das Bahamas à Índia - com foco na eficiência energética e energia renovável. De acordo com Caitlin Sparks, diretora de marketing da Global Standard, cada crédito comercializado com o selo vale entre 10% a 20% a mais no mercado internacional. "O selo é sinal de amadurecimento do mercado, que hoje procura papéis mais confiáveis", diz a executiva. "É uma vantagem porque agrega valor ao projeto e ainda garante que o ambiente está sendo beneficiado", afirma. Segundo a executiva, além dos cerca de 90 projetos registrados que já têm o selo, 75 estão a caminho de obtê-lo e outros 200 apresentaram interesse no produto. Diferentemente dos créditos de carbono convencionais, os projetos Gold Standard miram o desenvolvimento sustentável, que vai além do aspecto estritamente ambiental. Isso quer dizer que devem atender critérios sociais (gerar empregos, por exemplo) e econômicos (como a introdução de tecnologias limpas que incentivem um novo mercado). Todos são escrutinados por um conselho técnico e ONGs parceiras, e os projetos passam ainda pela avaliação de uma terceira entidade independente para garantir sua integridade. Com sede em Basiléia, na Suíça, a Gold Standard é uma organização sem fins lucrativos criada em 2004 por um grupo de ambientalistas que questionaram o "direito de emitir gases-estufa" dos países ricos, determinado por Kyoto. Com o protocolo, surgiram mecanismos que permitem a esses países financiar projetos para a redução de emissões desses gases em países em desenvolvimento, como o Brasil, um mercado de compra e venda do "direito de emissão" - os créditos de carbono. Não satisfeitos, os ambientalistas desenvolveram o selo de melhores práticas. Apesar do pouco tempo em ação, o selo ganhou fôlego e angariou empresas como Nike, Cargill, JP Morgan, Merril Lynch e Bank of America. Segundo Caitlin, o foco nos projetos de eficiência energética e energia renovável se explica porque fornece reduções de emissões reais e de longo prazo. Além disso, permitem a transferência de tecnologias e satisfazem os critérios de desenvolvimento sustentável, formando as bases para o crescimento e a redução da pobreza.