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Mercado de defesa vira aposta da Embraer

O Estado de S. Paulo - 09/04/2009

A Embraer quer elevar até o patamar de 20% da sua receita liquida a participação das vendas militares e de governo. Segundo o vice-presidente dedicado ao setor, Orlando Ferreira Neto, "essa meta é possível de ser alcançada no segmento, que é menos sujeito à variação do mercado". Em 2008 a presença da área de Defesa foi de US$ 953,8 milhões, ou 8,1% em relação ao total de US$ 5,5 bilhões. A ofensiva pode amenizar a crise da empresa que, com a retração na demanda global nos segmentos de aviação comercial e executiva, demitiu cerca de 4,3 mil funcionários em fevereiro, ou 20% de sua equipe. A fábrica de Gavião Peixoto, de onde saem quase todos os modelos de emprego militar da companhia, cortou pouco menos de 270 vagas (12%).

A aposta mais promissora está no desenvolvimento dos negócios na América Latina, África, Ásia e Oriente Médio. Ferreira Neto acredita que haja "grandes possibilidades" de trabalho com as aeronaves de inteligência, de sensoriamento remoto, alerta avançado e vigilância. "Temos as capacidades todas e criamos parcerias importantes em países como México, Grécia e Índia", destaca. A plataforma da linha é o Emb-145, jato birreator de 50 passageiros. Esse, todavia, não é o limite. "Podemos trabalhar necessidades específicas envolvendo tipos maiores com mais espaço para sistemas operacionais e maior performance", explica Ferreira Neto. O convívio com o cliente nesse tipo de operação nunca é inferior a dois ou três anos. O mercado internacional para essa classe de aeronaves é avaliado em 220 unidades - novas aquisições ou renovação de frota - que 22 países vão comprar até 2020. Outro viés promissor é representado pelo cargueiro médio e avião tanque KC-390, com o qual a empresa pretende disputar cerca de 700 encomendas em todo o mundo, envolvendo US$ 13 bilhões em uma década.