21/06/21 12h14

Mercado ferroviário brasileiro vive bom momento

IPESI

O mercado ferroviário de cargas brasileiro vive, atualmente, o seu melhor momento desde a década de 1990, mesmo em meio à pandemia da covid-19, segundo avaliação da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), uma das principais entidades representativas do segmento. 

De acordo com entidade, medidas que estavam previstas para o setor há anos estão sendo colocadas em prática, como as renovações antecipadas das concessões ferroviárias, que vinham sendo discutidas com o governo desde 2015. Além das renovações antecipadas, há também vários projetos de expansão que começam a ser tirados do papel, caso da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). 

A associação entende que o cenário não aponta apenas para a expansão física da malha, que, no entanto, deve acontecer em um ritmo que não é visto há muitos anos, mas para o próprio desenvolvimento do setor ferroviário em si, em termos de importância logística e fortalecimento do mercado. 

As renovações antecipadas das concessões estão desde 2015 previstas dentro do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal – que foi criado para reforçar a coordenação das políticas de investimentos em infraestrutura, por meio de parcerias com a iniciativa privada -, mas só no ano passado elas começaram a ser efetivadas. 

De fato, em 2020 foram assinados os contratos de renovação da Malha Paulista (da Rumo Logística) e os das Estradas de Ferro Vitória-Minas e Carajás (ambas operadas pela Vale). Para este ano, estão previstas as prorrogações da Malha Regional Sudoeste (operada pela MRS Logística), da FCA (Ferrovia Centro-Atlântica, administrada pela VLI Logística) e da Malha Sul (também da Rumo). 

Com as prorrogações antecipadas dessas concessões, a ANTF estima o aumento do volume de cargas movimentado em cerca de 70 milhões de t/ano, o que contribuirá para uma redução de aproximadamente 30% dos custos do transporte, além da captação de R$ 30 bilhões em aportes, em média, apenas nos primeiros cinco anos dos novos contratos. 

Somente a MRS, por exemplo, pretende dobrar a capacidade de transporte em cargas gerais de 30% para 60%, sem contar o aumento de materiais rodantes, de tecnologia, de segurança e de empregos nestas linhas ou em suas cadeias. A perspectiva é que 700 mil novos postos de trabalho sejam gerados a reboque, principalmente na indústria e no setor de serviços. 

OBRAS – Além das renovações antecipadas, há vários projetos de expansão da malha previsto para este ano e os próximos, como os que envolvem a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), que teve seu primeiro trecho leiloado este ano. Chamado de Fiol 1, o trajeto de 537 km de extensão, entre o Porto de Ilhéus e Caetité, na Bahia, foi arrematado pela empresa Bahia Mineração (Bamin). 

A companhia ficará responsável pelo acabamento e pela operação do trecho, visto como um promissor corredor de escoamento de minério de ferro do sudoeste baiano pelos próximos 35 anos, com previsão de R$ 3,3 bilhões em recursos injetados. Segundo o governo federal, a concessão, que deve ter a operação iniciada em 2025, permitirá a criação de até 55 mil empregos diretos e indiretos e o transporte de mais de 18 milhões de t de cargas. 

A implantação da Fiol terá desdobramentos estratégicos. Quando a linha chegar mais perto do oeste baiano, poderá ser conectada à Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), tornando-se ainda um importante corredor de escoamento dos produtos do agronegócio. 

Está prevista também a relicitação da Malha Oeste, qualificada para o PPI no fim do ano passado, e que inclui a realização de investimentos para a modernização e ampliação da ferrovia. O leilão deve acontecer no primeiro semestre de 2023. 

A expectativa da entidade é que seja ainda destravada a implantação da Ferrovia Transnordestina, que desde 2019 enfrenta problemas jurídicos, com a declaração da caducidade, pelo Ministério da Infraestrutura, da concessão liderada pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), por descumprimento de contrato. Isto fez com que as obras, desde então, fossem tocadas em ritmo de tartaruga. 

A ANTF aponta ainda iniciativas isoladas, como os investimentos da operadora Rumo na duplicação de sua capacidade no Centro-Oeste e em São Paulo, a entrada em operação da Ferrovia Norte-Sul em seu trajeto completo – que vai agora do Porto de Santos (SP) até Porto de Itaqui (MA) na mesma bitola -,e a injeção de recursos pela Vale em suas diversas ferrovias. 

É esperada ainda a liberação do projeto de construção da Ferrogrão, no oeste e norte do país, interrompido por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte Suprema entendeu que o traçado avança sobre os limites do Parque Nacional do Jamanxim, no Pará, mas este problema é visto como de fácil resolução técnica. 

A ferrovia, de 933 km de extensão, deverá ligar os municípios de Sinop (MT) e Itaituba, nas margens do Rio Tapajós, no Pará, e correráparalelamente ao traçado atual da rodovia BR-163. 

fonte: https://ipesi.com.br/mercado-ferroviario-brasileiro-vive-bom-momento/