10/03/09 11h30

Mercado será controlado por poucas e grandes companhias

Valor Econômico - 10/03/2009

O acordo de US$ 41 bilhões da Merck & Co. (Merck Sharp & Dohme, ou MSD, no Brasil) para comprar a Schering-Plough Corp., anunciado ontem, ocorre depois do acordo da Pfizer Inc. para adquirir a Wyeth por US$ 68 bilhões, em janeiro, e da odisseia de sete meses da Roche Holding AG, que segundo pessoas a par do assunto estava perto de fechar um acordo para comprar a Genentech Inc. Com a fusão entre Roche e Genentech, avaliada em US$ 46,7 bilhões, e o acordo da Merck com a Schering-Plough, as transações entre farmacêuticas somam mais de US$ 87 bilhões apenas nos últimos dias. O impulso de consolidação é alimentado pela realidade de que os departamentos de pesquisa e desenvolvimento dessas empresas não estão produzindo o suficiente de remédios lucrativos para mantê-las em crescimento, já que devem perder a patente de importantes medicamentos nos próximos anos. O resultado disso é que as gigantes farmacêuticas estão buscando consolidações que ajudem a cortar custos com a combinação de departamentos de pesquisa e de vendas, assim como a eliminação de outras redundâncias. O que deve sobrar nesse meio tempo é um setor dominado por empresas gigantescas, o que motiva questionamentos sobre o destino de farmacêuticas menores, assim como de inumeráveis companhias de biotecnologia ainda menores e ansiosas por algum comprador. Mesmo com seus departamentos de P&D enfraquecidos, a gama de produtos oferecidos pelas farmacêuticas ainda garante boas margens, que por sua vez enchem o caixa dessa empresas com recursos para gastar em novas aquisições.Na Europa, além do esperado acordo da suíça Roche pelos 44% da americana Genentech que ainda não controla, a Novartis AG também já tinha se comprometido a comprar a fabricante americana de produtos oftálmicos Alcon Inc. por US$ 39 bilhões. A Roche informou que não está interessada em outras aquisições de porte, enquanto o diretor-presidente da Novartis disse em janeiro que outra grande aquisição para a empresa é "altamente improvável". Enquanto assenta a poeira das fusões e aquisições, a Eli Lilly & Co., a Bristol-Myers Squibb Co., a AstraZeneca PLC, a Sanofi-Aventis SA e a Johnson & Johnson parecem ser as empresas com maior probabilidade de envolvimento com a próxima onda de consolidação, dizem analistas. Fatores como alianças já existentes, o cronograma de vencimento de patentes e o quão bem essas empresas podem absorver várias aquisições podem determinar quem será o comprador e quem será vendido nesse processo.