05/07/18 13h29

Mercosul e Efta fazem a primeira troca de ofertas

Valor Econômico

O Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (conhecida pela sigla inglesa Efta) fizeram esta semana a primeira troca de ofertas de liberalização de bens, serviços e compras governamentais, acelerando as negociações de um acordo de livre comércio. A Efta é formada pela Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, países pequenos, mas com poder aquisitivo entre os maiores do mundo.

A negociação foi lançada no ano passado. A quarta rodada de discussões ocorre em Genebra até sexta-feira. A expectativa nos dois blocos fechar o acordo até o fim do ano que vem, ou seja, num prazo de apenas três anos.

Os países da Efta, que normalmente estão entre os mais protecionistas do mundo na área agrícola, apresentaram oferta de acesso a seus mercados, que pela primeira vez vai além do que costumavam oferecer até agora. Isso reflete uma ligeira reviravolta liberal da Suíça, país mais forte do bloco. O governo helvético defende a abertura do mercado e desmantelamento de proteção aduaneira. Isso provoca uma enorme irritação por parte dos agricultores locais.

Os dois blocos terão nova rodada de negociações no quarto trimestre, quando uma segunda troca de ofertas poderá ocorrer. Há sinais de flexibilidade dos dois lados para acomodar questões sensíveis. Do lado do Mercosul, produtos químicos, farmacêuticos e alguns maquinários. Do lado da Efta, a sensibilidade é sobre a entrada de produtos como carnes, açúcar e outros itens agrícolas.

Além disso, há interesses ofensivos, como da Noruega, no transporte marítimo, e da Suíça, no setor financeiro. por exemplo. Os suíços poderão aparecer com demanda para o Mercosul permitir abertura de contas bancárias pela internet, por exemplo.

A flexibilidade e disposição para acelerar as negociações é destacada por quem tem acesso às discussões. É verdade também que o número de produtos na mesa de discussões é bem menor, se comparado à negociação Mercosul-UE.

O governo suíço não tem escondido a pressa para assinar um acordo com o Mercosul, para não ficar em desvantagem em relação aos países-membros da UE. Se houver logo um acordo entre Mercosul e UE, produtos industriais da Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein continuarão a pagar tarifa de 7% a 35%, enquanto as exportações dos 27 países-membros da UE serão menores ou ficarão isentas no médio prazo pelo acordo.