17/11/08 16h28

Mesmo na crise, setores chamam temporários

Valor Econômico - 17/11/2008

Pelo menos dois segmentos da economia esperam um Natal aquecido, a despeito da crise externa. Longe das preocupações que afetam os setores movidos a crédito de longo prazo e com projeções de aumento nas vendas neste fim de ano, as indústrias de produtos alimentícios voltados para esta época do ano e também o varejo de bens de consumo mantêm fortes as contratações de trabalhadores temporários. Para os dois segmentos, a expectativa é que a crise só chegue em 2009. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores na Alimentação de São Paulo, sete indústrias produtoras de chocolates e panetones contrataram aproximadamente 1,5 mil trabalhadores temporários entre outubro e novembro. Juntas, elas mantém um número fixo de 1,2 mil funcionários. "O período de alta produção começa agora e vai até a Páscoa. O setor está aquecido. Se houver reflexo da crise, só será sentido depois de março", afirmou o presidente do sindicato, Carlos Vicente de Oliveira. Grandes redes do varejo e pequenos lojistas de rua e de shopping centers também planejam reforçar seu quadro de vendedores entre 8% e 10% em relação ao total de funcionários. Para alguns, é um reforço superior ao realizado no ano passado; para poucos, ele é menor. Entre as grandes redes varejistas, o Ponto Frio oferecerá 1,5 mil vagas para diversos postos em todo o Brasil a fim de atender ao fluxo maior de consumidores, típico da época. O diretor de recursos humanos da empresa, Rodolfo Roquete, afirma que o crescimento é de 23% em relação ao número de vagas temporárias oferecidas em 2007. "Desse total, em torno de 70% devem ser efetivados no início do próximo ano", prevê Roquete. Na rede Casas Bahia, o número de vagas temporárias para o fim deste ano quase dobrou em relação ao ano passado. A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) também mantém uma perspectiva otimista. A entidade estima 25% de aumento no número total de empregados com a contratação de temporários, o que significa a criação de 158 mil vagas temporárias em um setor que já emprega 630 mil pessoas. A Federação dos Empregados no Comércio do Estado de São Paulo (Fecomerciários) tem uma previsão um pouco menos otimista. O presidente da entidade, Luiz Carlos Motta, estima que neste fim de ano serão contratados em torno de 160 mil temporários. A média para esse período é de 200 mil pessoas. "O setor não vai atingir a mesma meta de 2007, mas haverá contratações", analisa Motta.