03/10/18 11h42

Micro, pequenas e médias aumentam ganhos com crédito para capital de giro

Após recorrer ao BNDES Giro, dono de franquia de alimentação registra crescimento de até 20% nas vendas

PEGN

Roberto Celidonio, de 36 anos, abriu sua primeira loja da rede de franquia de alimentação Piadina Romagnola, em São Paulo, em 2011. Passados seis anos, o empresário notou que a unidade, no Shopping Morumbi, precisava ser repaginada.

Administrando cinco lojas ao mesmo tempo, todas na capital paulista, Celidonio buscou, junto ao seu banco, uma solução para que pudesse investir na melhoria da comunicação visual da loja, no maquinário e na infraestrutura elétrica. O empresário foi orientado a recorrer ao BNDES Giro, um produto voltado para capital de giro com o objetivo de aumentar a produção, a geração de postos de trabalho e a massa salarial. Hoje, já projeta fechar 2018 com um crescimento acima das expectativas.

— Do jeito que estava era ruim para os clientes, que percebiam a diferença em relação às outras lojas, e para os funcionários, que não estavam satisfeitos. Mas faltava capital para fazer o projeto — conta Celidonio.

O empresário obteve R$ 150 mil de crédito, optou por um prazo de carência de seis meses e financiou o valor em três anos. O BNDES Giro, produto escolhido por Celidonio, atende desde a microempresa (receita operacional bruta anual ou renda anual de até R$ 360 mil) até as de grande porte (acima de R$ 300 milhões).

No caso das micro, pequenas ou médias empresas, a solicitação pode ser enviada pelo Canal do Desenvolvedor MPME, no site do BNDES. A instituição financeira credenciada, escolhida pelo cliente, pode informar sobre a documentação necessária e irá analisar a possibilidade de concessão do crédito, além de negociar as garantias do contrato, como ocorreu com o dono da franquia de alimentação. O prazo para quitação é de até 5 anos, com carência que vai de 1 a 24 meses, segundo o tipo de operação e o valor acordado.

— As vendas da loja neste ano estão entre 15% e 20% acima das obtidas em 2017 — comemora.

CONTAS EM DIA

O caso de Celidonio é um dos exemplos de utilização da linha de crédito do BNDES. A Adrifer Alac, que vende componentes de aço e ferro para empresas, recorreu ao BNDES Giro para obter recursos que tanto ajudassem a empresa a colocar as contas em dia quanto aumentassem os ganhos financeiros. Segundo o gerente administrativo Erick Henrique, de 26 anos, a empresa vinha sofrendo com o descompasso entre receita e despesa. Enquanto seus fornecedores recebem em prazos que variavam de 21 a 30 dias, os clientes pagam em um período mais longo, entre 60 e 90 dias. Paralelamente, os pagamentos de salários e tributos são obrigações que não podem ser adiados.

— Chegou uma hora que não havia mais fôlego e recorremos à antecipação de recebíveis, com promissórias, que ficava com 2% a 3% do valor de face, o que comprometia muito nossa margem de lucro — relata o gerente.

No início do ano, a empresa obteve R$ 190 mil do BNDES Giro, financiados em 24 meses. O recurso foi suficiente para a Adrifer Alac colocar as contas em dia e pensar na ampliação dos negócios. Em maio, a empresa de São Paulo passou de um galpão de 120 metros quadrados para outro de 600 metros quadrados e registrou alguns ganhos, como a possibilidade de contar com um estoque.

SAÚDE FINANCEIRA DAS PMES

A pesquisa mais recente do Sebrae sobre pequenas e médias empresas no Brasil, de 2016, feita em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que a falta de crédito para capital de giro está entre as principais razões para o insucesso das empresas. Segundo o estudo, 33% dos empreendimentos abertos em 2014 (600 mil) encerraram suas operações ao longo dos dois anos seguintes por conta de falta de recursos para o dia a dia da operação, além do aumento da carga tributária no período e da retração no consumo.

Isso acontece, em partes, porque nem sempre o micro, pequeno e médio empresário calcula o valor necessário para financiar o dia a dia da sua operação, como as compras para reposição do estoque ou mesmo as despesas operacionais, antes de empreender. Um dos grandes erros é contar apenas com os recursos que vão entrar em caixa com vendas futuras. Com o passar do tempo, ocorre o descasamento entre receita e despesa, comprometendo a saúde financeira do negócio.

O capital de giro é uma espécie de oxigênio para um negócio. Serve para financiar os clientes no caso das compras a prazo, renovar o estoque, remunerar os fornecedores e pagar tributos, salários e outras despesas operacionais. Quando um empreendedor encontra dificuldades para pagar suas obrigações em dia, antes que a situação se agrave e corroa as bases do negócio, é importante analisar quais são as melhores alternativas de financiamento oferecidas pelo mercado.