24/11/10 11h55

Micronutrientes, um mercado de US$ 1,47 bilhão

Valor Econômico

Organizado em torno de uma associação desde 2003 e com taxa média de crescimento das vendas da ordem de 15% ao ano na última década, o segmento de micronutrientes para agricultura deverá movimentar R$ 2,5 bilhões (US$ 1,47 bilhão) em 2010 no país e seguir crescendo pelo menos 10% ao ano até 2020. Traçado pela Associação das Indústrias de Fertilizantes Orgânicos, Organominerais, Biofertilizantes, Adubos Foliares, Substratos e Condicionadores de Solos (Abisolo), entidade criada há oito anos, o cenário está atrelado à tendência de aumento dos investimentos dos agricultores em produtividade das lavouras.

Como a tendência não escapou ao radar de empresas tradicionais do segmento e de outros grandes grupos de fertilizantes que começaram a ampliar as apostas no ramo, é de se esperar, também, a aceleração de um movimento de concentração que já começou. Atualmente, estima Guilherme Romanini, presidente da Abisolo, há cerca de 130 companhias especializadas em fertilizantes foliares no Brasil, enquanto outras 180 que trabalham com insumos orgânicos. No nicho dos fertilizantes foliares, já foram mais de 200 companhias.

É nesse universo que estão as 68 indústrias associadas à Abisolo. São grupos nacionais e multinacionais, de pequeno, médio e grande portes. Cerca de 70% dos sócios trabalham com micronutrientes - aplicados no solo ou nas folhas -, enquanto o restante é especializado em orgânicos. Romanini diz que, além de ser estratégico e relativamente novo, o segmento também está aproveitando recentes políticas do governo, permeadas com preocupações com a sustentabilidade da produção agrícola brasileira, para crescer. Nesse sentido, afirma, o Plano Nacional de Fertilizantes, moldado no governo Lula, é um dos impulsos mais importantes. "O plano mostrou que o setor de fertilizantes é estratégico e beneficiou nosso segmento por privilegiar a utilização de insumos sustentáveis e nacionais", observa. Zinco, boro e manganês são algumas das fontes de micronutrientes mais demandadas, e desses apenas o boro é raro no país.

Outro fator que tende a incentivar o consumo, acredita a Abisolo, é a mudança de percepção em curso na cadeia sucroalcooleira. A entidade espera a divulgação, em breve, de um estudo do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) que aponta que, hoje, as doses de micronutrientes comumente usadas são muito pequenas. Se ampliadas, a eficiência tende a melhorar. "Nos canaviais do Nordeste e do Cerrado, já há uma boa demanda. Se isso acontecer em 100% das plantações, teremos que dobrar o parque produtivo nacional", afirma Franco Borsari, diretor da Abisolo e da Produquímica, uma das maiores empresas do ramo. Hoje, soja e hortifrutícolas em geral são os principais demandadores de micronutrientes.