03/01/11 14h24

Moda e drogarias no foco de fusões e aquisições em 2011

Valor Econômico

Ramos do varejo com dinâmicas completamente distintas, os segmentos de moda, drogarias e material de construção devem apresentar um ponto em comum em 2011: são focos potenciais das operações de fusão e aquisição. O mercado de vestuário, em especial, que oferece alta margem bruta (cerca de 50%) tende a atrair a atenção de competidores internacionais. Essa é a principal conclusão de um estudo da consultoria Alvarez & Marsal sobre o panorama do setor de varejo no Brasil. Segundo o levantamento, obtido com exclusividade pelo Valor, os segmentos de super, hipermercados e bens duráveis já estão em patamares de concentração próximos aos de países desenvolvidos, como os Estados Unidos, em que os cinco maiores competidores respondem por 40% a 50% do mercado total. "Moda, drogaria e material de construção, porém, continuam muito pulverizados", diz Eduardo Seixas, sócio-diretor da Alvarez & Marsal, responsável pelo estudo.

Na opinião de Seixas, a oferta de crédito aliada às altas taxas de emprego deve favorecer ainda mais o mercado de vestuário. "O potencial de consolidação é evidente neste segmento", diz. Isso porque as quatro maiores redes dedicadas exclusivamente a vestuário correspondem a apenas 15% das vendas totais, que giraram em torno de R$ 58 bilhões (US$ 34,1 bilhões) em 2009, afirma o consultor. "Cerca de 60% do mercado no país é composto por empresas pequenas com abrangência regional, que dominam em grande parte o interior do país", diz.

O crescimento médio anual desse segmento foi de 23% nos últimos cinco anos, com venda anual per capita de US$ 300. A maioria de habitantes jovens (65% dos brasileiros têm menos de 39 anos) e a participação crescente da mulher no mercado de trabalho (hoje elas respondem por 89% das decisões de compra de vestuário) são outros fatores que tendem a atrair a atenção das multinacionais, afirma Seixas. Uma das candidatas seria a sueca H&M, que já anunciou este ano sua expansão para países do Leste Europeu e do Oriente Médio. "Eles estão sempre olhando o Brasil".

Apesar do momento de consolidação em diferentes segmentos, Seixas lembra que a estrutura fundamentalmente familiar e as particularidades culturais da maioria das empresas de varejo podem emperrar alguns negócios. "Uma rede como a Pernambucanas seria uma excelente plataforma de entrada no mercado brasileiro", diz. Mas é uma empresa familiar fechada e, aparentemente, avessa a negociações, completa.