09/11/10 09h57

Montadoras batem recorde de produção

O Estado de S. Paulo

Com produção este ano já superando a casa das 3 milhões de unidades, recorde para um período de dez meses, a indústria automobilística brasileira encerrou outubro com 135,3 mil funcionários diretos, o maior contingente desde janeiro de 1991. Só no mês passado foram contratados 1.227 novos funcionários. Em 12 meses foram abertos 13,5 mil postos. Do quadro atual, 116,6 mil trabalham nas fábricas de veículos e 18,5 mil nas de máquinas agrícolas. "Isso considerando que o sistema produtivo mudou significativamente", ressalta o presidente do Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini. Segundo ele, a produção é mais enxuta e serviços antes feitos pelas montadoras foram terceirizados, como logística e produção de componentes.

De janeiro a outubro, a produção de veículos cresceu 15,3% em relação ao mesmo período de 2009. A Anfavea espera encerrar o ano com 3,6 milhões de unidades. O mercado interno é o principal responsável pelo desempenho. Foram vendidos até agora 2,8 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, 8% a mais do que em igual período de 2009. O crescimento é desigual porque parte das vendas (18,2%) é de carros importados, participação que cresce e incomoda as montadoras, embora elas sejam responsáveis pela maior parcela do que chega de fora, principalmente de países com os quais o Brasil tem acordo comercial, como Argentina e México.

"Em 2005, importávamos 5% do mercado", lembra Belini. Paralelamente, ele se queixa da queda das exportações, que, embora tenham melhorado em relação a 2009, estão abaixo dos valores de 2008 e, em volume, aquém do que era há cinco anos. "Já exportamos 30% da nossa produção, participação que hoje é de apenas 17%, diz ele. O Brasil perdeu competitividade por razões como a valorização do real ante o dólar e a pressão de países com excesso de capacidade produtiva que querem desovar seus produtos nos mercados emergentes, afirma o presidente da Anfavea. "O mundo tem capacidade ociosa muito grande e é natural que haja uma pressão em nossos mercados, inclusive dentro de casa". O Brasil já é o quarto maior mercado mundial de veículos.