30/04/10 11h19

Montadoras da China se voltam a países emergentes

Folha de S. Paulo

Depois de conquistarem metade do mercado automotivo da China -o maior país em número de vendas de veículos no mundo-, as montadoras chinesas querem agora ganhar o mundo. Focadas nos países emergentes, as companhias traçam estratégias para ganhar participação mundial e tornar suas marcas globais. Enquanto tentam adequar seus carros aos padrões de exigência da Europa e dos EUA (em segurança e emissões), os chineses elevam suas exportações para países do Oriente Médio, da África e da América Latina. "Queremos vender para todos, mas ainda não podemos vender para Europa e EUA", diz Steven Wang, diretor de marketing da Great Wall.

"Quem ganha o mercado doméstico é um vencedor, mas quem ganha o mercado internacional é um herói", diz Alec Wu, gerente de vendas da Lifan, que chega ao país em junho. A montadora exportou 10 mil veículos em 2009, e a previsão neste ano é de 25 mil. Muitas montadoras chinesas já têm fábricas fora do país, a maioria no modelo chamado de CKD ("Completely Knock-Down"), o que significa que todas as peças são exportadas e os carros são montados no exterior. O objetivo é reduzir custos de exportação e tornar o consumidor desses mercados mais familiarizado com as marcas. A Great Wall, maior exportadora chinesa e que trará seus carros para o Brasil a partir de outubro, pela CN Auto, tem unidades na Rússia, no Irã, no Vietnã, no Egito, na Venezuela e na Nigéria e planos de ampliar a estrutura para o Brasil. Até 2011, serão sete chinesas no mercado brasileiro: Great Wall, Chery, Jinbei, Hafei, JAC, Chana e Lifan.

A China ultrapassou os EUA como maior mercado automotivo do mundo em 2009, com a venda de 13,7 milhões de veículos. O crescimento tão acelerado é surpreendente, considerando que há 15 anos quase não havia carros privados no país. E ainda há muito espaço para crescer. De acordo com números das montadoras, o país tem hoje 38 carros a cada mil habitantes, número bem abaixo de mercados como Brasil (200 por mil) e EUA (800 por mil). As companhias estrangeiras querem explorar o potencial do mercado chinês. A Volkswagen, por exemplo, anunciou nesta semana a ampliação de seus investimentos no país para US$ 8 bilhões. O país já é o principal mercado para a Volks no mundo, com vendas de 1,4 milhão de veículos no ano passado, ante 1,24 milhão da Alemanha.