19/07/10 12h13

Montadoras fazem puxadinhos para crescer

O Estado de S. Paulo

Espremidas no meio das cidades ou em áreas que não permitem ampliação, fábricas mais antigas recorrem a diferentes alternativas para ampliar a produção de veículos sem desembolsar fábula de dinheiro na construção de novas unidades. Com "puxadinhos", transferência de produtos para outras unidades, ocupação de áreas antes usadas para estoque e modernização do sistema produtivo, as montadoras promovem o milagre da multiplicação dos carros. O objetivo é dar conta da demanda que, segundo projeções do setor, continuará crescendo.

A maior parcela do investimento de US$ 11,2 bilhões anunciado pelas montadoras para os próximos dois anos será gasta no desenvolvimento de novos modelos. A fábrica da GM em São Caetano do Sul (SP), construída em 1928, está engessada entre a linha do trem e a principal avenida cidade, a Goiás. A fábrica, que produz Astra, Classic e Vectra, ficará com R$ 2 bilhões (US$ 1,1 bilhão) do plano de R$ 5 bilhões (US$ 2,8 bilhões) anunciados para o período 2008-2012. Com quatro novos veículos previstos até 2012 no ABC paulista, a GM transferiu a produção de vários componentes para a unidade de Mogi das Cruzes (SP), antes restrita a peças para carros fora de linha. Nas próximas semanas, vai mandar parte da produção do Classic para São José dos Campos (SP), onde são feitos Corsa, Meriva, Montana, Zafira, S10 e Blazer. A sala antes usada para a estamparia vai receber nova prensa.

A Fiat, única entre as grandes montadoras que concentra a produção em uma fábrica em Betim (MG), tem apelado aos puxadinhos há algum tempo. Um deles foi construído no lugar onde funcionava um posto de combustível que abastecia carros da montadora. Também com contratações para operar 24 horas, a empresa consegue tirar da linha hoje 3,2 mil carros por dia, três vezes e meia mais do que em 1992. Como não tem área disponível, a Fiat quer atrair fornecedores de pequenas peças para se instalarem ao redor da fábrica, informa o gerente de logística Mauricélio Faria. A Fiat também já adotou a alternativa de transferir parte da produção do Siena para a Argentina. Recentemente usou a fábrica de caminhões Iveco, pertencente ao grupo, para a pintura das picapes Fiorino. Em breve, anunciará programa de investimentos para os próximos três anos, que deve incluir ampliação da capacidade produtiva.

A Volkswagen também usa a capacidade ociosa da filial paranaense para complementar atividades da unidade Anchieta, no ABC. Carrocerias do Polo são enviadas em caminhões para serem pintadas no Paraná e retornam no mesmo esquema. A Volkswagen vai investir R$ 6,2 bilhões (US$ 3,4 bilhões) até 2014 em novos carros e em capacidade nas unidades Anchieta e Taubaté. O diretor de manufatura Marco Antonio Teixeira explica que uma das estratégias é ampliar o uso de tecnologias que permitem a simulação do veículo e da linha antes da aplicação efetiva. Com a "fábrica virtual" o grupo conseguiu reduzir em 3% a 6% o investimento na montagem final.