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Morgan Stanley aposta nas operações no Brasil

Valor Econômico - 20/10/2008

O banco americano Morgan Stanley, que levantou US$ 19 bilhões em capital na semana passada, está mantendo sua aposta no Brasil. Sobrevive como banco de investimento independente, agora com dois novos acionistas: o governo americano e o banco japonês Mitsubishi. O vice-chairman do conselho do banco, Christopher Harland, responsável pela América Latina, diz que não haverá mudança no comprometimento do banco com o país. O Mitsubishi, segundo maior banco do mundo, terá um assento no board do Morgan Stanley, mas Harland lembra que a instituição japonesa tem atuação no Brasil e a avaliação de que é necessário aumentar a participação aqui é compartilhada. O governo americano não pretende exercer um papel maior na gestão diária do Morgan e encara o investimento como "financeiro", segundo Harland. Além disso, o Morgan Stanley também poderá receber em breve até US$ 1 bilhão de um acordo de ação judicial da Discover, sua subsidiária de cartões de crédito, contra a Visa e Mastercard. A instituição dobrou sua equipe no Brasil nos últimos 18 meses: tem hoje 200 pessoas baseadas em São Paulo - algumas vieram transferidas de Londres ou Nova York. As receitas do banco de investimento no país devem terminar o ano com alta de 40%. Em setembro, em meio à volatilidade dos mercados, foi o líder em volume de negociação de ações na Bovespa, e vem tentando alcançar o Credit Suisse na liderança da negociação de ações há alguns meses. "Queremos que o banco seja reconhecido pela atuação crescente no país", diz Harland. Mesmo durante a crise, acredita Harland, há boas oportunidades para os bancos de investimento no país. "Acho que vamos ver mais fusões e aquisições acontecendo. Não necessariamente serão compras pagas em dinheiro, o modelo mais comum será a troca de ações, que costuma ser usado em épocas de mercado difícil", citando como exemplo negócios no setor de construção civil. Trocas de ações também reduzem conflitos pela perda de valor de mercado das empresas, já que em geral os dois envolvidos tiveram perdas semelhantes de valor. O Morgan Stanley ajudou a Cosan a negociar seu aumento de capital por meio de um ´private placement´, disse Harland, citando o sucesso de Daniel Goldberg, que comanda a área de fusões e aquisições. A falta de crédito também deve criar mercado para assessoria em reestruturações de dívida corporativa. Uma das áreas nas quais o Morgan Stanley vê vantagem competitiva é a análise de ações. O banco tem hoje 14 analistas em São Paulo, o dobro da equipe que tinha há um ano. Outra área que poderá crescer no Brasil é a divisão de commodities. Recentemente o grupo anunciou a intenção de investir numa usina de álcool e, desde que começou a atuar na exportação de etanol, já responde por 10% a 15% do total embarcado.