21/10/08 11h05

Múltis investem US$ 492 bi em inovação

Valor Econômico - 21/10/2008

O tipo de produto varia: pode ser um carro novo, um medicamento mais eficaz ou um software que dá novos usos ao computador. Independentemente da área de atuação, porém, as maiores companhias do mundo continuam a investir fortemente em inovação. Um estudo inédito da consultoria Booz & Company, batizado de Innovation 1000, mostra que no ano passado as mil empresas que mais investem em pesquisa e desenvolvimento (P&D) gastaram US$ 492 bilhões para renovar seus produtos, o equivalente a um crescimento de 10% em relação a 2006. A lista, na qual só entram empresas de capital aberto, é liderada pela Toyota, que investiu US$ 8,4 bilhões em inovação em 2007. Na relação das 10 mais também estão General Motors, Pfizer, Nokia, Johnson & Johnson, Ford, Microsoft, Roche, Samsung e GlaxoSmithKline. Na posição de número mil, encerrando o ranking geral, está a coreana Dongbu Hiteck, com um investimento de US$ 53,4 milhões. Três indústrias concentram praticamente dois terços dos investimentos globais em P&D: a de computadores e eletrônicos (29% de participação) a de saúde (22%) e de automóveis (16%). O Brasil tem quatro representantes na lista das mil empresas: a mais bem posicionada é a Petrobras, que aparece em 117º lugar, com um investimento anual de US$ 810 milhões. As demais são Vale (140º posição), Embraer (314º ) e Copel (985º ). O estudo ajuda a desfazer um mito: o de que as empresas que investem mais em P&D também são mais lucrativas. O levantamento mostra, no entanto, um outro tipo de interdependência: as empresas que investiram mais de 60% de seu orçamento de P&D fora de seus países de origem apresentaram desempenho superior em vários itens, incluindo retorno ao acionista, margem operacional, crescimento do valor de mercado e retorno sobre os ativos. "A pesquisa mostra que o cenário da globalização mudou muito nos últimos anos", diz a executiva da Booz & Company. Sob esse novo desenho, com fronteiras cada vez mais flexíveis, a conclusão da Booz & Company é de que o Brasil tem pela frente uma série de oportunidades de investimento externo, até porque algumas das principais vantagens oferecidas por outros países começam a enfraquecer. A lição que se tira disso é que a saúde da inovação não depende só de quanto um país recebe em investimentos internacionais em P&D, mas se suas próprias empresas já começaram a fazer o caminho inverso. Esse termômetro é expresso pelo chamado saldo líquido da inovação: o resultado de quanto se recebe do exterior menos o que se investiu lá fora. No Brasil, esse saldo em 2007, segundo a pesquisa, foi de US$ 2,3 bilhões. Para comparar com outros países emergentes, na Índia o saldo foi de US$ 12,9 bilhões e na China, de US$ 24,7 bilhões. O estudo dá indicações de que quanto maior é esse saldo, mais atrativo é o ambiente do país para as ações de pesquisa e desenvolvimento. Tome-se o caso da indústria automobilística. Por uma série de motivos - como a longa tradição do setor no Brasil, o mercado interno atraente e as qualificações dos engenheiros brasileiros -, o país recebe 1% de todo o investimento mundial da indústria de automóveis. O número, semelhante ao do México, é relevante, mas está abaixo dos de seus principais concorrentes internacionais na atração de recursos: a Índia recebeu 2% dos investimentos em inovação das montadoras em 2007 e na China, esse percentual alcançou 4%, revela a pesquisa.