15/05/18 11h57

Mundo terá 24 milhões de vagas com energia limpa

Valor Econômico

A adoção de práticas sustentáveis no setor de energia, incluindo a modificação do mix energético, o uso de veículos elétricos e a melhor proteção de prédios, pode gerar 24 milhões de novos empregos no mundo até 2030.

A estimativa é da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no "Emprego, questões sociais no mundo 2018", levando em conta somente medidas que os governos adotarem para implementar o Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento climático.

Haverá criação líquida de empregos nas Américas (3 milhões, sendo 1,5 milhão nos EUA), mais 14 milhões na Ásia e Pacífico e 2 milhões na Europa com melhor produção e uso da energia. Em contrapartida, haverá perdas de emprego no Oriente Médio e na Africa. A Arabia Saudita e outros produtores de petróleo, como a Rússia, estão entre os perdedores na transição energética.

A OIT projeta aumento de 14% em novas vendas globais de carros elétricos em 2025, com maiores altas ocorrendo na Europa (30,6%), na China (15,5%), nos EUA (5,1%) e no resto do mundo (5,2%).

Além disso, uma "economia circular" (com reutilização de materiais, reciclagem etc.) criará cerca de 6 milhões de novas possibilidades de trabalho no mundo. A América Latina pode ter 10 milhões de vagas de trabalho e a Europa, 500 mil. Já a Ásia e Pacífico perdem 5 milhões, a África, 1 milhão, e o Oriente Médio, 200 mil empregos.

Por sua vez, a transição para uma agricultura biológica cria mais 1,1% de empregos em países desenvolvidos. No entanto, a agricultura de conservação pode eliminar 4,8% de postos de trabalho em países em desenvolvimento, com as perdas concentradas na África e Ásia e Pacífico.

A expectativa é de perda de 83,1 milhões de empregos no cultivo de vegetais e frutas. Ao mesmo tempo, aumentarão as vagas para produção de frango, suínos e gado.

Para a OIT, a transição é urgente, em razão da pressão insustentável da atividade economica sobre o ambiente. O crescimento dos salários estagnou, as desigualdades cresceram. Ao mesmo tempo, os modelos econômicos atuais conduziram à utilização de 1,7 vezes mais de recursos naturais e criação de detritos que a biosfera pode regenerar e absorver.

Nesse cenário, a agência da ONU estima que os empregos dependem muito da qualidade do ambiente e dos serviços que fornecem. E que a economia verde pode permitir a milhões de pessoas superarem a pobreza e proporcionar melhores condições de vida a esta geração e às seguintes.

"As mudanças de políticas poderão contrabalançar as perdas de emprego antecipadas ou seus efeitos negativos", diz Catherine Saget, principal autora do relatório.

A maioria parte dos setores da economia mundial vão se beneficiar de criação de novos empregos com a economia verde. Somente dois setores, a extração de petróleo e a refinaria, terão perdas de um milhão de vagas ou mais.

A estimativa é de surgimento de 2,5 milhões de vagas no setor de eletricidade gerada por energias renováveis, compensando a perda de 400 mil empregos na produção de energia à base de combustíveis fósseis.

O relatório defende sinergias entre as políticas ambientais e políticas de proteção social que assegurem a renda do trabalhador e a transição para uma economia verde.

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Economico (OCDE) estima ser necessário investimento anual de US$ 6,3 trilhões em infraestrutura para atender as necessidades de desenvolvimento. E com mais US$ 600 bilhões esse investimento pode ser ecologicamente compatível.